Fraga diz que não "enxergava" o Aécio revelado pelo grampo da JBS

O economista que era chamado de candidato a futuro ministro da Fazenda do derrotado Aécio Neves, em 2014, Armínio Fraga disse em entrevista à Folha de S. Paulo que foi "desagradável" ver o lado do tucano revelado pelas gravações das conversas do senador mineiro com o empresario da JBS.

Armínio Fraga e Aécio neves

"Fiquei chateado. Entendo que a política exija negociações variadas, que há uma disputa por recursos do orçamento e tudo mais, mas ali havia muitos aspectos do Brasil velho. Foi desagradável", disse ele, que durante as eleições falava como se ministro fosse, garantindo o céu ao mercado financeiro. Aécio foi flagrado em grampo da JBS solicitando R$ 2 milhões a pretexto de pagar sua defesa na Lava Jato.

"Na campanha presidencial de 2014, eu estava animado com a possibilidade de trabalhar com Aécio. Acho que teria sido um bom presidente, mas esse lado mais extremo eu não enxergava. É uma tristeza", justificou Armínio, tratando logo de se descolar do parceiro que hoje está queimado.

O economista guru dos tucanos também criticou Michel Temer pelas relações nada republicanas mantidas com os empresários da JBS, mas elogiou a agenda de reformas.

"Se a mudança na direção da política econômica for mantida, consolida uma coisa muito boa. Pode acontecer o contrário, uma guinada populista e ir tudo para o brejo", disse ele, que certamente seguiria o mesmo roteiro, já que o plano de governo do PSDB era o mesmo.

Sobre as eleições de 2018, Armínio atacou Lula e disse que o mercado deseja um candidato outsider. "Existe a expectativa de que uma solução seria algo ao centro, antipolítica, vindo de fora. Fala-se na ideia de procurar alguém como [o presidente francês], Emmanuel] Macron", afirmou.