Em apoio a Temer, PSDB diz que vai rejeitar nova denúncia na Câmara

Rachado, o PSDB tenta se manter no muro do golpe e garante ao governo de Michel Temer que a bancada tucana vai trabalhar para rejeitar a nova denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o peemedebista. Resta saber se vai conseguir cumprir a promessa, já que na primeira denúncia, a bancada rachou no plenário: foram 22 votos contra a denúncia, e 21 a favor.

Temer Cunha Lima e Aécio - Fabio Rodrigues Agência Brasil

Na primeira denúncia, Temer foi acusado de corrupção passiva. Agora a denúncia é de participação em organização criminosa e obstrução à Justiça, com base nas gravações, grampos telefônicos e delações.

De acordo com a colunista do G1 Andrei Sadi, o senador Aécio Neves (MG) é um dos principais empenhados nessa articulação. Ainda segundo a jornalista, os deputados do PSDB já têm o discurso pronto para justificar a defesa de Temer: a denúncia de Rodrigo Janot “não é suficiente” para provocar uma “ruptura” no cenário político em meio à discussão sobre as reformas econômicas.

A preocupação dos tucanos é com o período eleitoral que se aproxima. O discurso é para engavetar a denúncia e, principalmente, descolar o tema corrupção associado a Temer e à sua base aliada, encabeçada pelos tucanos.

Para retribuir a proteção do PSDB, Temer está afirmando que vai manter no cargo o ministro tucano Antonio Imbassahy, o que será uma tarefa difícil, já que membros do centrão – responsáveis pelos votos que rejeitaram a denúncia – não gostam nada da ideia da permanência do tucano no cargo e pedem a sua cabeça.

Mas a longo prazo essa estratégia pode mudar, pelo menos para alguns integrantes da cúpula tucana. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, oficialmente endossa o discurso de permanência no governo.

Disse que se trata de um compromisso com o Brasil e com as reformas. Mas nos bastidores, enquanto tenta emplacar a sua pré-candidatura a presidente, diz a interlocutores que a sua chance de eleição depende de se afastar de Temer. Segundo Alckmin, quem estiver com Temer será derrotado, assim como ocorreu com os aliados de José Sarney em 1989.

“Em reuniões políticas reservadas, Alckmin confidenciou que não enxerga espaço para um discurso de continuidade na próxima disputa presidencial. Ele compara a eleição de 2018 à de 1989, quando candidatos de oposição a José Sarney tiveram melhor desempenho nas urnas”, diz reportagem do jornalista Bruno Boghossian, da Folha de S. Paulo.

“Nesses encontros, o governador adota tom crítico à gestão de Temer em assuntos como privatizações, reformas econômicas e segurança”, afirma.