Rabello: Não é BNDES que está escangalhando as contas públicas

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, declarou, nesta quinta (14), que não é o banco que tem atrapalhado o equilíbrio das contas públicas e fez críticas ao pedido de devolução antecipada de parte da dívida de longo prazo com o Tesouro Nacional. Para ele, não é viável para a instituição de fomento devolver de forma imediata e integral os R$ 180 bilhões cobrados pelo governo federal antes do tempo previsto.

Paulo Roberto rabello - Armando Paiva/Agif

“Não é o BNDES que está escangalhando as finanças públicas”, disse Rabello, em palestra durante seminário promovido pela Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE), no Rio.

Segundo ele, pedir a antecipação do pagamento, "não é a solução mais inteligente, no sentido de que diminui o tamanho do banco. Diminui as características emprestadoras do banco". Rabello avaliou ainda que, ao pedir o pagamento antecipado de R$ 180 bilhões, o governo se ateve apenas ao montante disponível no caixa do BNDES, ignorando a conjuntura econômica e o potencial do banco.

"O governo olhou para o caixa (do BNDES) e copiou o número, mas todo mundo sabe que não podemos ficar sem o ‘caixinha’ para comprar o leite, o pão e o jornal do dia seguinte”, afirmou. Durante sua palestra, ele disse que o banco dará "alguma solução" ao pedido de devolução, "mas não necessariamente essa, do tipo 'filhinho, mande-me dinheiro'".

De acordo com ele, a principal missão do banco "é preservar a sua saúde financeira, da qual faz parte um caixa prudencial, e, em segundo lugar, estar preparado para, em 2018, com mais investimentos sendo demandados em termos de financiamentos, sermos capazes de atender", colocou.

O presidente do banco esclareceu que, dos R$ 180 bilhões disponíveis em caixa, cerca de R$ 120 bilhões são reflexo da estagnação dos processos de desembolsos ocasionada pela crise financeira no país. 

"Uma parte importante do nosso caixa adveio de uma circunstância negativa que felizmente já passou, qual foi a grande recessão que diminuiu a demanda por investimentos ao mesmo tempo em que retornaram pagamentos. O nosso caixa momentaneamente cresceu, mas em princípio estes recursos serão demandados mais à frente", disse.

A expectativa do BNDES para 2017 é atingir R$ 80 bilhões em desembolsos, segundo o presidente. Se a meta não for concluída, a previsão é que esse número poderá ser concluído até fevereiro ou março do ano seguinte.

Sem detalhar quais medidas estão em estudo para honrar o pagamento solicitado pelo governo, Paulo Rabello afirmou que "estamos fazendo estudos que tentam conciliar essa necessidade emergencial do governo com a nossa necessidade de estimular que o Brasil gere mais empregos".
Infraestrutura

TLP

O presidente do BNDES voltou a fazer críticas, à Taxa de Longo Prazo (TLP), que entrará em vigor a partir de janeiro de 2018, para substituir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), nos empréstimos do banco.

Ele destacou que a TLP entrará em vigor para valer em 2022, após período de transição e, até lá, podem surgir alternativas. “E, no tempo, talvez a gente não vá nem ‘telepiar’. Vou arrepiar e sair fora, fazer uma outra taxa qualquer”, completou Rabello.

Segundo o presidente, com a TLP, o BNDES poderá passar a buscar acesso a recursos externos, para emprestar em reais no Brasil. “O banco tenta se reposicionar de forma a trazer recursos os mais baratos possíveis, onde quer que estejam no mundo”, disse Rabello.