Lutar contra a privatização é defender povo brasileiro, diz dirigente

Trabalhadores petroleiros, eletricitários, bancários, ecetistas são algumas das categorias que fortalecem o ato que será realizado nesta terça-feira (3), na região central do Rio de Janeiro, em defesa da soberania nacional e contra as privatizações anunciadas pelo governo Temer. A concentração do ato será às 11h em frente ao prédio da Eletrobras (Av. Presidente Vargas, 409), seguirá em passeata até o BNDES e depois se encaminha à sede da Petrobras. Ato previsto para as 16h.

Por Railídia Carvalho

Energia não é mercadoria é bem social - Arquivo do Sindicato dos Urbanitários no DF

Paulo Neves, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), afirmou ao Portal Vermelho que somente a unidade dos trabalhadores pode se contrapor ao ímpeto privatista do atual governo.

“A Petrobras e a Eletrobras são duas empresas emblemáticas para o país. A energia nem deveria ser tratada como mercadoria porque tem um papel fundamental na vida das pessoas. A gente salta do Luz para Todos para um processo de privatização total deste setor”, afirmou Paulo.

Luz para Todos foi uma política pública criada na primeira gestão do ex-presidente Lula e que tinha por objetivo levar eletricidade a dois milhões de famílias da área rural, em que 90% viviam abaixo da linha da pobreza. 12 anos depois de criado, o programa alcançou 3,2 milhões de famílias.

Papel social 

A Eletronorte, que faz parte do sistema Eletrobras, é responsável por uma série de programas sociais que garantem para a população de menor renda acesso à energia, ao mercado de trabalho e à saúde, afirma matéria publicada no site do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal.

“Como exemplo o programa Parakanã, na região do lago da UHE Tucuruí no Pará, onde a Eletronorte desenvolve diversas ações nas áreas de saúde, educação, apoio à produção e preservação ambiental”, destacou a matéria da jornalista Roberta Quintino.

“Isso, entre outras coisas, será perdido se não houver reação dos trabalhadores e trabalhadoras na luta em defesa da manutenção da Eletronorte pública”, completa trecho da matéria. Nesta terça-feira, os trabalhadores do setor elétrico realizam paralisação como parte do Dia de Lutas contra a privatização.

Viés econômico

No governo de Michel Temer não há espaço para que as empresas públicas cumpram o seu papel social, ressaltou Paulo.

“A Petrobras mudou de um tempo para cá o seu plano de negócios e passa a ter um olhar mais pelo viés econômico do que pelo social”, apontou o dirigente, que também é secretário de Comunicação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do Amazonas (CTB-AM).

Ele usou como exemplo a mudança na precificação dos derivados do petróleo como gás de cozinha e gasolina. “Estão sendo recalculados quase semanalmente. No passado recente havia um controle desses preços para controlar a inflação. Havia a preocupação social acima do lucro que seria obtido.”

Paulo destacou também que a presença da Petrobras é fundamental nas regiões onde atua. “A saída da Petrobras dos campos terrestres no nordeste e em outros campos de exploração de menor potencial fere de morte a população local, seja pelos royalties, investimentos gerados e a política de conteúdo local.”

Segundo Paulo, a política de conteúdo local é fundamental para a indústria nacional. “Sem a obrigatoriedade da produção do conteúdo local, as plataformas e todos os equipamentos para exploração do petróleo serão produzidos no exterior buscando custo menor, que é questionável, mas principalmente deixando de gerar riqueza e tecnologia no nosso país.”

Precarização é saldo da privatização

Na opinião de Paulo, a relação entre o Estado e os trabalhadores também se dá em um nível em que se preservam melhores condições de trabalho. “As mortes que acontecem no sistema Petrobras acontecem, principalmente, nas empresas terceirizadas. O que sabemos da privatização é isso menores salários, tarifas mais altas e piores condições de saúde e segurança no trabalho.”

Para o petroleiro, o ato desta terça precisa ser fortalecido para se contrapor às “falácias neoliberais” da grande mídia. “O discurso na mídia é para tentar convencer o povo de que a privatização é boa mas basta olhar o exemplo da telefonia: está quase toda privatizada e tem uma das piores prestações de serviços.”

Paulo lembrou ainda que o retrocesso na Petrobras ganha força com o recente leilão que voltou a adotar o modelo de concessão em detrimento do modelo de partilha, implementado no governo do ex-presidente Lula. “O modelo de partilha era mais justo com maior garantia na soberania do país.”

Segundo ele, é importante mostrar para a população que a defesa das empresas públicas é a defesa do povo brasileiro. “Entendemos que houve um golpe no país e que a conta tem sido paga a cada dia pela população com a entrega das riquezas e da nossa soberania”, finalizou.