Hospital confirma que não há registros de visita de advogado de Lula
O factoide em torno dos recibos apresentados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar desqualificar a prova, apontando uma suposta falsificação. Essa tese vai sendo desmontada com os fatos. O hospital Sírio-Libanês informou nesta sexta-feira (20) ao juiz Sergio Moro que não há registros de entrada de Roberto Teixeira, advogado do ex-presidente, na sua unidade durante o segundo semestre de 2015.
Por Dayane Santos
Publicado 20/10/2017 18:05
Moro, na tentativa de comprovar a tese dos procuradores, queria confirmar se Teixeira visitou Glaucos da Costamarques no período em que o empresário esteve internado no hospital, entre 23 de novembro e 29 de dezembro de 2015. Apesar da informação não provar nada, a suposta visita serviria para alimentar as manchetes, gerando uma falsa suspeita sobre o caso.
A informação do hospital, publicada pelo site UOL, desmente Costamarques que, para reforçar a tese de acusação, afirmou ao magistrado que Teixeira esteve na unidade e pediu para que ele assinasse recibos de aluguel do apartamento vizinho ao do ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo, que os procuradores dizem ser fruto de propina.
Teixeira havia afirmado em depoimento que não esteve no hospital no período de internação do empresário e nem solicitou que ele assinasse os recibos de aluguel. O advogado confirmou apenas que os dois se encontraram no Sírio-Libanês em 2016, de maneira casual.
Sem apresentar qualquer prova, apenas com base no depoimento, o Ministério Público Federal de Curitiba afirma que os recibos entregues pela defesa de Lula foram forjados. A tese é para justificar que Lula seria o dono real do imóvel, adquirido em troca de contratos com a Petrobras.
A defesa do ex-presidente informa que tem os recibos originais e que poderá apresenta-los à Justiça e enfatiza que o imóvel foi locado pela mulher de Lula, Dona Mariza Letícia, em 2011. A ex-primeira-dama morreu no começo deste ano.
Como a suposta "prova da visita" foi para o ralo, nesta quinta-feira (19), a força-tarefa apresentou a Moro uma relação de 12 ligações telefônicas entre o empresário Glaucos da Costamarques e o advogado Roberto Teixeira ou seu escritório de advocacia, o Teixeira, Martins.
A ideia é dizer que as ligações entre os réus corroboram a narrativa do empresário, de que teria atendido o pedido de Teixeira para assinar os recibos de aluguéis durante o período em que Costamarques esteve internado.
A imprensa mantém o factoide de suposta fraude contra Lula, citando o contador João Muniz Leite, que teria levado os documentos para serem assinados por Glaucos da Costamarques.
O hospital Sírio-Libanês, por sua vez, confirmou que Leite esteve na unidade por três vezes em visita ao empresário. No entanto, o que a mídia não informa na maioria das matérias que trata sobre o assunto é que o tal contador foi contratado pelo próprio Glaucos da Costamarques, no período de 2010 a 2015. Portanto, as suas visitas não eram anormais, nem a mando de terceiro, neste caso do advogado de Lula.
“Durante esse período, assessorei o sr. Glaucos na elaboração do seu imposto de renda e na emissão de guias para recolhimento de impostos, incluindo-se nestes, o cálculo e elaboração das guias do carnê-leão referentes ao recebimento de aluguéis auferidos pelo mesmo em relação a locação de um apartamento para Dona Marisa Leticia Lula da Silva”, informa o contador ao juiz Sergio Moro.
“Para essa finalidade, recebia das mãos do sr. Glaucos, periodicamente, os recibos relativos aos pagamentos dos aluguéis por parte da sra. Marisa Letícia Lula da Silva, de 2011 a 2015, os quais serviam também para dar lastro à declaração de imposto de renda”, completou.