Atos em defesa do acordo de paz já ocupam 11 estados colombianos
Já foram registradas manifestações em 11 estados colombianos desde que foi convocada uma paralização nacional no último dia 23 em defesa do acordo de paz. A informação foi divulgada, esta quinta-feira (26) por Nidia Quintero, da Federação Nacional Unitária Agropecuária (Fensuagro).
Publicado 27/10/2017 13:26
Numa coletiva de imprensa, em Bogotá, em que participaram representantes de outras organizações envolvidas na paralisação nacional por tempo indeterminado, a dirigente reafirmou-se às exigências já expressas ao governo da Colômbia: a implementação dos acordos de paz firmados na capital cubana, em 2016, entre as Farc-EP e o governo do país andino; o fim dos assassinatos de líderes sociais, campesinos e de defensores dos direitos humanos em vários pontos do território nacional; a reabertura da chamada MIA (mesa de interlocução e acordo).
Carmenza Gómez, representante da Associação Nacional de Zonas de Reserva Campesina (Anzorc), manifestou especial preocupação com a perseguição movida aos líderes sociais. “Vamos nos mobilizar até que o governo responda pela segurança dos líderes”, disse, em referência aos assassinatos mais recentes.
“Estão nos matando e ninguém diz nada, não há responsáveis, ninguém investiga, o governo silencia”, denunciou.
Entre os casos mais recentes de assassinatos de líderes sociais estão o de Miguel Pérez, no departamento de Antioquia (dia 22), e Aulio Isarama Forastero, no departamento de Chocó (dia 24). O primeiro integrava, no município de Tarazá, o programa de substituição gradual e voluntária de cultivos de uso ilícito; o segundo era governador de uma região indígena no município de Alto Baudó.
Crescimento das mobilizações
Até esta quinta-feira (26), houve protestos e mobilizações nos departamentos de Antioquia, Bolívar, Caquetá, Cauca, Cundinamarca, Guaviare, Meta, Nariño, Norte de Santander, Putumayo e Vale do Cauca.
Noutros departamentos, há registo de comunidades que estão em assembleia permanente, até que o governo se sente à mesa e negoceie o conjunto de reivindicações apresentadas.
Até o momento, a resposta do governo não tem sido a desejada. No dia 23, o ministro para o Pós-Conflito, Rafael Pardo, limitou-se a receber o caderno reivindicativo apresentado pelas organizações promotoras da paralisação, num encontro que durou pouco mais de cinco minutos e em que “não foi apontado um espaço de diálogo formal”, indica a Marcha Patriótica, que espera uma nova atitude do governo de Santos numa reunião agendada para o final desta semana.
Nesta quarta-feira (25), o Esquadrão Móvel Antidistúrbios atacou de forma violenta sobre agricultores que se manifestavam na região do Catacumbo (departamento de Norte de Santander). De acordo com a Associação Campesina do Catacumbo, foram usados jactos de água e bombas de gás lacrimogêneo.
Para além destas organizações, muitas outras aderiram à paralisação nacional e às mobilizações, entre elas a Coordenadora Nacional de Povos Indígenas (Conpi), a Coordenadora Nacional de Povos e Organizações Afro-Descendentes (Conafro), a Coordenadora Nacional de Cultivadores de Coca, Papoila e Marijuana (Coccam), e a Marcha Patriótica.