Apesar de ajuste antipovo, Meirelles só prevê superavit em 2021

O discurso do equilíbrio fiscal, que ajudou a tirar a presidenta eleita Dilma Rousseff do cargo, a cada dia torna-se mais vazio. Agora foi a vez do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitir que, apesar do corte de gastos e das reformas anti-povo, o déficil primário só deve ser revertido em 2021. A austeridade que prejudica os mais pobres e preserva o topo da pirâmide só trará alívio às contas públicas daqui a quatro anos, segundo o próprio govcerno.

Meireles

De acordo com ele, só a partir de 2021, os números começarão a ficar positivos, atingindo um superávit de 2,4% em 2026. A afirmação foi feita durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Mesmo assim, Meirelles condicionou esse resultado à aprovação das reformas, em especial a mudança nas aposentadorias, que atingirão em cheio os trabalhadores brasileiros. "A aprovação das reformas possibilitará, inclusive, a redução dos juros reais de forma sólida para o Brasil", acrescentou. Segundo ele, o ajuste "tem de vir de mudanças na despesa obrigatória, em especial, da Previdência".

Perguntado sobre como recebia o resultado de uma recente consulta feita pelo Senado a especialistas, segundo a qual a Previdência não seria deficitária, Meirelles disse que "essa questão não deve ser objeto de opinião", e que os cálculos não levam em conta gastos com saúde e assistência social.

Vale destacar que o ajuste fiscal levado adiante pelo governo Michel Temer é seletivo, uma vez que poupa os mais ricos. Isso fica claro ao se analisar a Emenda Constitucional no 95 (EC 95), que estabeleceu um teto para os gastos públicos. Ocorre que ela limita as despesas com políticas públicas e programas sociais, mas não abarca os recursos de natureza financeira, ou seja, o enorme montante de verbas públicas que são destinadas ao pagamentos de juros que beneficiam o financismo, em detrimento dos cidadãos comuns.

Além disso, enquanto a gestão defende medidas que tiram direitos do trabalhador – caso da Reforma da Previdência -, anistia a dívida de sonegadores com o Refis, por exemplo.