Manuela aponta saída: Indústria com emprego de qualidade e inovação

A pré-candidata à Presidência da República Manuela D’Ávila (RS) afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira (20), que há boas perspectivas para o PCdoB em 2018, diante de um momento de crise política e econômica tão aguda,o  “que pode fazer com que as pessoas escolham nossa candidatura”.

Manuela DAvila - Foto: Richard Silva

A pré-candidata salientou que 2018 é o momento de debater o futuro do Brasil. “Meu partido tem muito claro que ocorreu um golpe em 2016. Não só pelo impeachment, mas porque o programa que venceu as eleições foi rasgado”, frisou.

“Temos dois grandes centros. O primeiro é a retomada do crescimento econômico. O outro é a ideia da unidade. Vivemos um período em que a ideia de viver em paz é algo tão importante quanto o controle da inflação foi no início da década de 1990. Não é só viver em segurança, é viver sem todos os tipos de violência, com qualidade na escola. É ter trabalho”, frisou.

Manuela ressaltou que a retomada do desenvolvimento, com foco na indústria, é um dos eixos da proposta do PCdoB. “O tema da indústria 4.0, por exemplo, é algo diferente. Podemos nesse novo ciclo pensar na indústria de uma outra forma, mais ousada. Tudo que junta emprego de mais qualidade, inovação.”

Quando o assunto é economia, ela destaca que a elevação do investimento público e controle de juros e câmbio são alguns dos pontos a serem tratados na sua campanha.

“O Brasil tem a tradição de baixos investimentos privados. Então o investimento público, o Estado como indutor da economia, é algo que historicamente ocorreu nos nossos melhores ciclos econômicos. Juros mais baixos, uma espécie de câmbio controlado. Achamos hoje que os juros e os câmbios não servem ao interesse do povo brasileiro”, reforçou.

Manuela foi confirmada oficialmente neste fim de semana como pré-candidata à Presidência. Deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, Manuela disse que a violência também terá atenção. Diferentemente do discurso punitivista e do que ela chama de “jargões da internet”, a proposta de Manuela é trabalhar o tema com mais centralidade.

“A ideia de que é preciso garantir paz para as pessoas trabalharem, estudarem e pensarem suas vidas”, disse ela.

Questionada se a sua candidatura seria antagônica à de Jair Bolsonaro (RJ), também pré-candidato, ela afirmou: “Todos os candidatos com propostas democráticas para o Brasil e saídas para a crise são antagônicos às candidaturas que não apresentam saídas para a crise”.

Segundo ela, há candidaturas que tentam alimentar sentimentos de “medo e ódio”, que devem ser superados nas eleições.

“Fomentar medo e ódio no povo brasileiro não resolverá os problemas que vivemos. Acho que temos outras pautas para tratar no país diferentes das que ele [Bolsonaro] sugere. Eu quero debater segurança pública de verdade. Com reflexões sobre o papel dos policiais, como eles podem ser valorizados, como podemos devolver a legitimidade das polícias para o povo mais pobre, como podemos combater o extermínio de jovens negros. E a gente não vai fazer isso repetindo jargão de internet, né?”, rebateu.