Luiz Gonzaga Belluzzo: privatizar é a solução?
Explicações simplistas sobre o papel do Estado na economia costumam prejudicar análises mais abrangentes sobre o desenvolvimento do país. É necessário compreender a natureza complexa do mercado a partir da articulação entre governo e iniciativa privada. Separar essas duas dimensões é um erro e impossibilita a busca por soluções para a crise brasileira. Polarizações como “vamos privatizar tudo” servem apenas para atrasar o nosso crescimento.
Publicado 01/01/2018 18:52

Além disso, o processo foi acompanhado, inicialmente, por uma hipervalorização do real que resultou numa desindustrialização do país, no mesmo momento em que a China adotava políticas monetárias e cambiais que favoreciam o crescimento da produção de mercadorias industrializadas.
Para Belluzzo, os momentos de maior desenvolvimento do país foram marcados por uma articulação entre ações do Estado e da iniciativa privada. Ao contrário da ideia de que a economia é feita por ações individuais ou a separação entre privado e público, “o mercado é construído por meio de interações, pois a relação constante entre instituições dinamiza a economia”, explica Belluzzo.
“Sobre o tema das privatizações, não podemos ser maniqueístas. Não é possível a constituição do mercado se o governo não garantir a execução dos contratos. Ao longo dos anos, o Estado se incumbiu de assumir os monopólios naturais, como água, esgoto, ferrovias, estradas e logística, para que o setor privado possa desenvolver. Fórmulas simplistas como ‘vamos privatizar tudo’ só podem caber na cabeça de Michel Temer”, conclui.