Crescem protestos contra reforma econômica na Tunísia 

A polícia da Tunísia disparou na segunda-feira (8) gás lacrimogêneo e entrou em confronto com centenas de pessoas protestando contra desemprego, altos preços e novos impostos em duas cidades. O país, visto no ocidente como “único sucesso democrático” após a Primavera Árabe, sofre graves dificuldades econômicas e seu governo adotou medidas de austeridade 

protestos na Tunísia - Reuters

A economia está em crise desde que o antigo regime foi destituído em 2011 e dois ataques terroristas atingiram o setor do turismo em 2015, que representa 8% do PIB do país. O aumento dos preços da gasolina, do telefone e do acesso à Internet, agravados por novos impostos, foram o gatilho dos protestos, explica o Le Monde. Esses itens são parte de medidas de austeridade concordadas com os credores estrangeiros, e as medidas tem o objetivo de compensar as perdas de investimento estrangeiro e do turismo. Contudo, o desemprego e a falta de crescimento da economia são problemas antigos no país do norte da África.

O maior partido da oposição da Tunísia, a de esquerda Frente Popular, liderada por Hamma Hammami, apelou à continuação dos protestos contra o orçamento “injusto” para 2018, que prevê aumentos dos preços e dos impostos. Na noite de segunda-feira (8), as manifestações transformaram-se em confrontos violentos com a polícia em pelo menos dez cidades, relata a Reuters, e um manifestante morreu em Tebourba, a cerca de 40Km da capital, Tunes.

O primeiro-ministro social-democrata, Youssef Chahed, tentou acalmar os manifestantes anti-austeridade prometendo que 2018 será o último ano de dificuldades econômicas. “As pessoas precisam compreender que a situação é extraordinária e que o país está passando por dificuldades. Mas acreditamos que 2018 será o último ano difícil para os tunisianos”, afirmou Chahed, segundo informa a Reuters.

O agravamento de preços e da austeridade resultam do empréstimo concedido pelo Fundo Monetário Internacional à Tunísia, no valor de 2800 milhões de dólares (2350 milhões de euros), em troca de reformas econômicas.

Para o líder da Frente Popular, no entanto, esta é uma oportunidade de trazer a luta para as ruas. “Vamos permanecer nas ruas e aumentar o ritmo dos protestos até que o orçamento injusto seja abandonado”, prometeu Hammami.

A polícia também disparou gás lacrimogêneo na cidade central de Thala para dispersar centenas de pessoas que pediam mais desenvolvimento e empregos enquanto protestavam contra a alta inflação.