Coreias retomam comunicação militar 

Os exércitos da Coreia Popular e da Coreia do Sul se comunicaram nessa quarta-feira (10), pela primeira vez em quase dois anos, através de uma linha que foi reativada na histórica reunião entre representantes de Seul e Pyongyang

Coreia Popular e Coreia do Sul - Lusa

Os exércitos realizaram, com normalidade, testes de troca de mensagens através da linha recentemente reaberta, confirmou um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul à agência de notícias Efe. Trata-se da linha destinada a comunicações militares na região do mar Amarelo (chamado mar do Oeste nas duas Coreias).

Pyongyang tinha deixado de utilizá-la em fevereiro de 2016, como protesto pelo encerramento do complexo industrial intercoreano de Kaesong, decisão tomada unilateralmente por Seul como retaliação pelo desenvolvimento de armas nucleares por parte de Pyongyang.

Durante o encontro de alto nível na terça-feira (9), o primeiro entre as duas Coreias desde dezembro de 2015, Pyongyang informou Seul que voltou a ligar a via de comunicação em questão. Durante a reunião, Pyongyang aceitou também a proposta de Seul de realizarem futuras conversas de temas militares para apaziguar os ânimos junto à tensa fronteira entre os dois lados da Coreia, que se encontra tecnicamente em guerra há 65 anos.

Nesse sentido, espera-se que o Ministério da Defesa da Coreia do Sul proponha, nessa semana ou na próxima, uma data e um lugar para a realização do primeiro encontro. Os militares das duas Coreias não se reúnem desde outubro de 2014. Desde então as relações bilaterais deterioram-se progressivamente face ao contínuo desenvolvimento do programa de armas nucleares de Pyongyang e ao aumento dos ataques na fronteira empreendidos por Seul junto aos EUA. 

A reunião de terça-feira (9), realizada em Panmunjom, aldeia fronteiriça onde foi assinado o armistício da Guerra da Coreia (1950-53), deu importantes sinais de aproximação entre Seul e Pyongyang.

Isso depois de 2017 ter ficado marcado por três ensaios nucleares e o lançamento de múltiplos mísseis balísticos por parte da Coreia Popular, agravados pela retórica bélica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez insultos pessoais e ameaças de guerra ao líder norte-coreano, Kim Jong-un.

No encontro, Pyongyang manifestou a intenção de enviar uma delegação composta por altos funcionários, atletas e animadores aos Jogos Olímpicos de Inverno, que se celebram a partir de 9 de fevereiro em PyeongChang, na Coreia do Sul.

A Coreia do Sul propôs organizar conversações militares para aliviar a tensão transfronteiriça e a retomada das reuniões de famílias separadas pela guerra. Sobre esse último tema aguarda-se resposta da Coreia Popular.