Morre, aos 103 anos, o “antipoeta” chileno Nicanor Parra

O chileno Nicanor Parra, conhecido no mundo da literatura como o “antipoeta”, morreu nesta terça-feira (23) aos 103 anos, informaram os meios de comunicação do país.

Nicanor Parra - Wikicommons

Em mais de um século de vida, o poeta, matemático e físico influenciou de maneira profunda a prosa latino-americana. Ganhou o Prêmio Nacional de Literatura (1969) e o Prêmio Miguel de Cervantes (2011), além de ter sido três vezes indicado ao Nobel de Literatura.

Mesmo com as variações que seu estilo adquiriu ao longo dos anos, sempre se caracterizou por seu conteúdo crítico, questionador e irreverente, desafiando o vanguardismo histórico de seus compatriotas Pablo Neruda e Vicente Huidobro. Sua obra aborda o absurdo, o humor e a cultura popular, praticando o que muitos chamam de “democratização” da poesia e a abertura dela a outros públicos, levando-o a ser caracterizado como o criador da “antipoesia”.

Em 2017, lançou seu último trabalho, “O Último Apaga a Luz”, um livro que oferece textos completos, e que chegaria a países como Espanha, Argentina, Peru, Uruguai e México. Por sua vez, a França decidiu festejar o aniversário do autor publicando uma edição bilíngue para suas obras, sob cargo da editora Seuil e da Maison de l’Amerique Latine.

“É uma espécie de patrimônio em constante provocação, que tornou seu nome nobre. ‘Parra’ é o único nome nobre chileno. São os presidentes da República que vão vê-lo, não o contrário”, disse, então, Matías Rivas, diretor da editora.

Vida e obra 

Nicanor Parra nasceu em 5 de setembro de 1914 em San Fabián de Alico, local próximo a Chillán, sul do Chile. Era o mais velho de cinco irmãos, todos já falecidos – entre eles, a cantora, autora e artista visual Violeta Parra e os músicos e folcloristas Roberto, Eduardo e “Lalo” Parra.

Em 1937, se formou como professor de Matemática e Física e, neste mesmo ano, publicou seu primeiro texto, “Cancioneiro sem Nome”. Em 1943, se especializou em mecânica avançada no Instituto de Educação Internacional da Universidade de Brown, nos EUA, depois fazendo cursos de cosmologia na Universidade de Oxford, anos mais tarde.

Em 1954, lançou a segunda – e mais reconhecida – de suas obras, “Poemas e Antipoemas”, considerada pelos críticos da época como uma obra revolucionária no campo da lírica. Ao longo de sua carreira, escreveu mais de 20 livros, e obteve 24 prêmios e reconhecimentos, tanto nacionais, quanto internacionais.