Thomas: Haverá eleições, temos que saber agir!

O golpe foi com o Supremo e tudo e, portanto, não será anulado. Não haverá intervenção militar por que tudo está ocorrendo como o "mercado" planejou. Teremos eleições, pois uma nova geração golpista tentará legitimar-se, uma vez que Temer e seus capangas já terão feito boa parte do serviço sujo. Esta será uma oportunidade para a oposição construir um novo projeto nacional de desenvolvimento e até mesmo virar o jogo.

Por Thomas de Toledo*

Comecemos por Lula. Ele foi condenado e será preso. A Lava Jato foi criada para isto. Talvez sua prisão ocorra no dia da votação da reforma da previdência, pra ninguém prestar muita atenção e alguns patos até soltarem rojões. Lula será impedido de concorrer, recorrerá ao TSE de Mendes e Toffoli, e todos sabem o que se vai passar. O PT está numa trifurcação: dobra a aposta, coloca tudo em risco e insiste em Lula, sabendo que não o deixarão voltar, recua e lança Haddad/Wagner, ou fará um raro gesto de grandeza e apoiaria alguém de outro partido?

Será uma eleição com muitos candidatos e falsas pesquisas, que atenderão aos interesses da Globo (Ibope), da Folha (Datafolha) ou de quem pagá-los. Bolsonazi não é o candidato favorito do consórcio golpista. Alckmin, Maia, Meirelles, Marina, Barbosa e Huck correm para ver quem é "o escolhido". Há cisão entre eles! Na oposição, tem Ciro, Manuela, talvez Boulos e Aldo, além do coringa petista. Quem Lula apoiar terá enormes chances de ir ao segundo turno para enfrentar "o escolhido" do mercado, que contará com toda mídia hegemônica e máquina pública no comando de Temer a seu favor.

As forças nacionais, democráticas e populares precisam construir um debate programático e nunca perder o foco no projeto que os unificará. No primeiro turno, é bom terem vários candidatos para aumentar a artilharia em debate e mostrar a diversidade de opiniões, que até agora se repetiu no velho PT x PSDB. Com a cláusula de barreira, despediremo-nos do "quem bate cartão", do "contra burguês" e do "aerotrem". A mídia tentará pautar assuntos como pelados em museus, esquerdistas de BBB, celulite de cantora e grito de cantor. É preciso atenção total para não escorregar em armadilhas!

A bancada evangélica planeja dobrar, o MDB quer usar a máquina para se manter o maior partido e os candidatos ricos terão preferência por se autofinanciarem. O que resta às forças progressistas? Priorizar a eleição de deputados no primeiro turno e trabalhar para garantir que o nome melhor posicionado chegue ao segundo turno.

Há muita água para rolar, mas o golpe pode ser derrotado nas ruas, nas redes e nas urnas. Sua agenda é antipopular e antipatriótica. Por isto, o mais importante é construir um novo projeto de desenvolvimento nacional, capaz de aglutinar amplas forças. Assim, é possível vencer uma batalha eleitoral que dê o primeiro passo para uma nova correlação de forças na sociedade, rumo a um país soberano, desenvolvido e socialmente justo.