"Sou bode expiatório" para STF prender Lula, diz deputado 

Em entrevista ao jornal O Globo nesta quinta-feira (4), o deputado João Rodrigues (PSD-SC) afirmou que, ao determinar sua prisão com base na interpretação de que a pena deve ser cumprida após sentença de segunda instância, o Supremo Tribunal Federal pode estar o utilizando de seu caso para prender o ex-presidente Lula. "Estão me usando de bode expiatório para prender o Lula", disse o deputado que foi preso nesta quinta-feira (8) em São Paulo.

Joao Rodrigues - Foto: Agência Brasil

Pela manhã, a Polícia Federal fez a prisão do deputado  no aeroporto de Guarulhos quando Rodrigues voltava de viagem a Orlando, nos Estados Unidos, onde estava de férias, com a família. O ministro Alexandre de Moraes autorizou a inclusão do nome do deputado na difusão vermelha da Interpol (Polícia Internacional) e conseguiu expedir a ordem de prisão.

Ainda em entrevista ao jornal O Globo, o parlamentar havia garantido que faria "o que for decidido pela Justiça", mas que confia que os ministros irão rever a decisão ao analisar embargos apresentados pela defesa. 

Na última segunda-feira (5) a primeira Turma da Corte negou recursos apresentados pela sua defesa e determinou a execução da pena de cinco anos e três meses aplicada pelo Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF-4) por fraude em licitação ao autorizar a compra de uma retroescavadeira no valor de R$ 40 mil para a cidade em 1999. Na época, Rodrigues ocupou por 30 dias a prefeitura, substituindo temporariamente o prefeito efetivo.

Em sua defesa, o deputado afirma que o então titular da prefeitura assumiu a responsabilidade da contratação e que o Supremo mudou a interpretação sobre prescrição ao julgá-lo.

Nesta quarta-feira (7), o STF expediu o mandato de prisão do parlamentar, negando o recurso apresentado pela defesa. Os ministros entenderam que não caberia mais a Corte voltar a analisar as provas.   

O advogado de defesa do deputado, Marlon Bertol, acredita na reversão do caso mesmo com a prisão.

"Vamos resolver insistindo na tese de que a prescrição ocorreu em 18 de dezembro. Temos dois votos neste sentido. Nos embargos de declaração explicaremos melhor a tese da prescrição e acredito teremos ao menos mais um voto pela prescrição e tudo estará resolvido. O triste é que até julgar estes embargos, João vai estar detido", disse.