Deputados unem-se à UnB contra violação da autonomia universitária

Após a Universidade de Brasília (UnB) anunciar um curso para debater o golpe de 2016, que tirou Dilma Rousseff da Presidência da República, o Ministério da Educação (MEC) resolveu arregaçar as mangas e acionar o Ministério Público e órgãos de controle para “averiguar irregularidades” na oferta do curso. A investida foi mal recebida no meio acadêmico e político e parlamentares do PCdoB, PT e PSol uniram forças à luta contra a violação da autonomia universitária.

Por Christiane Peres

UnB - Divulgação

Na quinta-feira (28), representantes dessas legendas e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara foram à UnB num ato de desagravo à empreitada do MEC contra a autonomia universitária.

Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), a reação dos parlamentares é um “ato de vigilância da democracia e em defesa da universidade, da ciência, e, sobretudo, de fazer com que este país se mantenha minimamente na perspectiva de sociedade libertária”.

No encontro, que contou com a participação de diretores e professores da UnB, os parlamentares também informaram que a Comissão de Direitos Humanos e Minorais da Câmara já instaurou procedimento para acompanhar a questão. Em ofício à reitora da UnB, Márcia Abraão, eles reiteraram que “o ministro da Educação em um só ato ilegal viola princípios constitucionais e instrumentos de direitos humanos ao utilizar-se de suas prerrogativas no sentido de silenciar ou constranger a história de uma universidade que nasceu para formar cidadãs e cidadãos críticos e que desenvolveram, ao longo das décadas, um olhar aguçado acerca da realidade do país”. A comissão adianta ainda, que “seguirá acompanhando os desdobramentos do caso, denunciando e tomando as providências cabíveis quando configurado, por parte do MEC ou qualquer outro órgão, um cenário de violação do direito à educação”.

“Um ataque à UnB é um ataque às universidades brasileiras. Um ataque à UnB é um ataque ao pensamento crítico. E a gente tem mesmo que reagir a esse tipo de tentativa de calar o pensamento crítico na sociedade brasileira”, afirmou o deputado Glauber Braga (PSol-RJ).

Para a deputada Érika Kokay (PT-DF), a tentativa do ministro de “calar a universidade” não ficará impune e lembrou que após as ações do MEC contra a UnB outras universidades no país lançaram a mesma disciplina.

“As pessoas estão começando a ter noção de como é esse golpe, de como ele nos afeta. Eles querem impor um pensamento único, mas o ministro, com esse ato de quem não entende nada de educação, explicitou o medo que o golpe tem dos educadores, da liberdade, e levou essa disciplina a várias outras universidades. A UnB é palco da resistência e assim permanecerá”, destacou.