Após lucro de 35%, Embraer pode acertar venda para Boeing este mês

De acordo com reportagem de O Globo, o polêmico e ainda misterioso acordo entre Boeing e Embraer tende a ser finalizado ainda este mês. A pressa é para tranquilizar o mercado e evitar "politização" do tema, ante a proximidade das eleições. O desafio dos envolvidos é convencer a todos que a empresa norte-americana não “engolirá” a brasileira. Analistas apontam que o negócio, além de potencialmente prejudicial à soberania, poderá destruir empregos, indústria e pesquisas do Brasil.

Embraer

Segundo o jornal carioca, se for finalizado até o fim de março, o acordo teria mais três meses para ser aprovado por todos os acionistas. A ideia parece ser a de criar uma joint venture que deve dar à Boeing o controle sobre a aérea de jatos regionais da Embraer.

Na última quinta-feira (8), a Embraer anunciou um lucro líquido de R$ 795,8 milhões em 2017, um aumento de 35,9% em relação aos R$ 585,4 milhões reportados no ano anterior. Ou seja, os números contrariam a ideia que o governo tenta passar de que as empresas públicas dão prejuízo. Alguns veículos de comunicação, contudo, preferiram ressaltar que, no quarto trimestre, a fabricante de aviões brasileira teve uma queda de 81,92% no lucro líquido, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.

A empresa, especializada na linha de aviões executivos e de defesa, é de produção estratégica para a soberania nacional. Uma das preocupações em relação à fusão é a de que haja influência norte-americana em questões de defesa brasileira.

“A empresa americana tem se esforçado para mostrar que o negócio é bom para o Brasil. Já há companhias aéreas globais que estão querendo realizar compras e veriam com bons olhos a união da Boeing com a Embraer para ter, em um único fornecedor, uma gama completa de aeronaves. Alguns negócios podem estar suspensos ou sendo atrasados por causa desta indefinição na finalização do acordo”, diz O Globo.

De acordo com o jornal, os norte-americanos estão tentando mostrar ao governo brasileiro que a Boeing pode usar o Brasil para desenvolver produtos na área de Defesa que seriam mais facilmente vendidos para terceiros mercados, sem a restrição das leis dos Estados Unidos que impedem a exportação de tecnologia sensível da área militar a outras nações.

O presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, é um dos críticos da atual negociação com a Embraer. Segundo ele, não há problema em a empresa brasileira buscar uma parceria com alguma gigante do setor, para enfrentar sua principal adversária no mercado, que é a Airbus. Mas essa gigante teria que atuar como parceira, não como sócia. "Nada contra buscar entendimento com um gigante. O que não pode é ter participação acionária. Se tiver participação, o gigante come [a Emebraer]”, disse.