Leci Brandão é a Deputada que mais representa a população negra

Na tarde desta quarta-feira, 07/03, o portal Alma Preta divulgou dados do estudo Afrodescendentes e Política. De acordo com descrição da pesquisadora, Luanna Teófilo, o principal objetivo do levantamento foi "analisar questões de identificação com: pautas, candidatos e partidos políticos que mais representam as demandas e opiniões de afrodescendentes".

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Eleitorado negro se sente mais representado na política por mulheres – por Pedro Borges

Os três nomes negros que mais representam os afrodescendentes na política são Leci Brandão (PCdoB), Benedita da Silva (PT) e Marina Silva (Rede). De acordo com a autora da pesquisa, a resposta reforça o papel de liderança das mulheres dentro da comunidade negra. Ativistas e intelectuais negras também apontam os limites da política de identidades.

Três mulheres negras são apontadas como as figuras do meio político que mais representam o eleitorado afro-brasileiro. De acordo com o estudo Afrodescendentes e Política, 46% dos entrevistados que conhecem um candidato negro se sentem representados por Leci Brandão (PCdoB), 27% por Benedita da Silva (PT) e 25% por Marina Silva (Rede).

Para Luanna Teófilo, coordenadora da pesquisa, o documento aponta o papel de liderança das mulheres negras, apesar de inseridas em uma sociedade racista e machista. “Há um histórico ancestral de lideranças negras femininas. Se por um lado há um traço negativo brasileiro em relação à mulher negra, o estudo também demonstra a força delas”.

Questionados se conheciam algum político negro, 64% dos participantes do estudo disseram que sim e 36% que não. Entre os que conheciam, 23% deles citaram Leci Brandão, 10% Paulo Paim (PT) e 10% Benedita da Silva.

Depois, uma imagem com a foto de vários políticos que podem ser candidatos em 2018 foi apresentada ao público e foi perguntado quais desses o entrevistado já havia ouvido falar. Marina Silva foi recordada por 80,9% do público, Leci Brandão 78,3%, Netinho de Paula (PDT) 79%, Agnaldo Timóteo 72,9%, Benedita da Silva 64,9%, Orlando Silva (PCdoB) 55,6%, Fernando Holiday (DEM) 38,8%, e Paulo Paim 35,6%.

A presença entre os mais recordados de nomes como Fernando Holiday, contrário às cotas raciais e ao feriado da consciência negra, e Marina Silva, defensora de uma política econômica neoliberal, exige uma reflexão sobre os limites da política de identidades, segundo Rosane Borges, doutora em comunicação pela ECA-USP e autora do livro “Esboços de um tempo presente”.

“Eu posso até me identificar com a Marina Silva, mas a identificação não supõe que ela representa a população negra enquanto um segmento que tem reivindicações históricas. Ela se autoidentificar e se autoreconhecer como negra não é suficiente”.

Suzane Jardim, historiadora e uma das autoras da obra “Tem Saída?”, acredita que a exigência de figuras representativas no plano identitário seja uma pauta mais recente para a população negra brasileira se comparada à norte-americana.

Para ela, é interessante se ater ao exemplo norte-americano para que a comunidade negra brasileira não repita os mesmos equívocos de lá, aqui. Os EUA, por exemplo, tiveram um presidente negro, Barack Obama, e uma série de figuras no legislativo e executivo, fatores que não frearam a violência racial naquele país.

Confira a pesquisa Afrodescendentes & Política