"Ser refém do jogo político do MDB não me interessa", diz Maia
Enquanto Michel Temer papagueia que será candidato à reeleição, seus aliados vão cada vez mais se afastando do seu barco dando demonstração de que o isolamento do governo será cada vez maior com a proximidade das eleições de outubro.
Por Dayane Santos
Publicado 24/03/2018 23:13
Há tempos o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não esconde que quer distância de Temer. Agora, como candidato, Maia disse que manterá a sua pré-candidatura longe do governo e da cúpula do MDB, que inclui nomes como Moreira Franco, Eliseu Padilha e Eduardo Cunha.
"Submissão e ser refém do jogo político do MDB não me interessam", disse Maia ao chegar ao encontro do Democratas, em Cuiabá, nesta sexta-feira (23).
Durante votações importantes na Câmara para o governo, Maia não poupou crítica e evidenciou a sua insatisfação com o núcleo político do governo. Para Maia, a cúpula do MDB quer uma submissão ao presidente, mas sem ter condições de exigir.
"Isso nunca existiu e nunca existirá", afirma. "Não me interessa fazer parte desse círculo, desse projeto onde você é obrigado a aceitar o que o entorno do Michel quer", disse Maia, segundo matéria da Folha.
Em entrevista à revista IstoÉ, Temer garantiu que contará com apoio do Congresso para a sua reeleição. Mas as declarações de Maia revelam que a história não é bem essa.
O presidente da Câmara fez questão de dizer que a sua pré-candidatura está longe de fazer a defesa do governo e que nunca foi uma pessoa 100% ligada ao presidente.
"Sempre tivemos uma boa relação, mas nunca fomos grandes aliados. Inclusive ele foi vice da Dilma duas vezes", lembrou.
Confirmando o que era evidente, Maia disse que Temer e seus aliados trabalharam muito pela derrubada do governo Dilma.A gravação do senador Romero Jucá (RR) com o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado,davam conta da trama do golpe. No entanto, a afirmação de um aliado tão próximo contraria a versão de Temer, que diz que apenas atendeu ao clamor do Congresso.
"O entorno dele [Temer] se movimentou muito pelo impeachment da Dilma. A situação de radicalismo entre MDB e PT no plenário da Câmara hoje e em todo o Brasil se deve muito a isso."
A candidatura de Rodrigo Maia foi lançada no início do mês, durante convenção do partido em Brasília.
Questionado se aceitaria ser vice na chapa de Temer, Maia foi categórico: "Não existe a menor chance". A rejeição recorde de Temer nas pesquisas vai se demonstrando cada vez mais consolidada. Nem mesmo os "amigos" querem arriscar as urnas. É o legado de Temer.