Grupo pró-Bolsonaro ameaça jornalista no Rio Grande do Sul

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) denunciou, na quarta-feira (28), um caso de ameaça contra um membro da diretoria da entidade. Em nota, o sindicato alerta para os casos de violência contra profissionais de imprensa e lamenta o “clima de ódio que toma conta do país”.

Caravana Lula - Guilherme Santos/Sul21

Após postagem em sua conta pessoal no Facebook, se manifestando sobre a crescente onda de intolerância no país, o jornalista Roberto Carlos Dias, de Caxias do Sul, relata ter recebido ameaças e intimidações. O sindicalista registrou ocorrência policial e levou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores.

O assunto foi destaque no programa Conectado desta quinta-feira (29). Em entrevista, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS, Milton Simas, ressaltou que é inaceitável que jornalistas sofram perseguição no exercício da atividade profissional ou devido a manifestações de opinião e pensamento.

Leia relato de Roberto Carlos Dias, secretário de comunicação da Comissão Política do PCdoB Caxias do Sul/RS:

Amigos, companheiros e camaradas, preciso compartilhar aqui ameaças que estou sofrendo por perseguições políticas em Caxias por me posicionar contra Bolsonaro, por ser comunista, de esquerda e por ser sindicalista.

Faço isso para que o maior número de pessoas fique sabendo do que está acontecendo. A situação extrapolou as ofensas, ataques e ameaças que venho sofrendo no Facebook. As ameaças já ganharam as ruas.

Na sexta, após o trabalho, eu, Eremi, André Elias e outros conhecidos estávamos numa mesa na calçada do Zanuzi da Alfredo, quando um senhor alto, gordo e de gravata me abordou, me chamou pelo nome, me cumprimentou e partiu para as agressões verbais me filmando e fotografando, me cobrando o que publiquei nas redes contra o fascista Bolsonaro.

Não houve agressão física porque não deu tempo. Reagimos pedindo para ele se retirar e eu falei que o uso indevido da minha imagem era crime, e eu iria processar. André pediu para ele para de gravar.

Ele foi saindo de perto e Silvano irmão do Silvio, que é o dono do restaurante, pediu para ele se retirar. Ele foi para o ponto de táxi na Alfredo com Júlio, aos berros dizendo que ainda iria me pegar na rua sozinho. Ali sentou no banco e ficou munuseando o celular. Ligou para alguém. Fiquei observando os movimentos de longe.

Logo surgiu um cara moreno alto e de bermuda e ele ficava apontado para a minha direção na mesa. O cara ficou uns minutos e saiu. Logo, passou uma viatura da BM com dois policiais. Eu e Silvano falamos com os policiais do ocorrido e apontei onde estava o homem que me filmou e ameaçou. Eles ouviram nosso relato em silêncio, deram a volta na quadra, mas não abordaram ele.

Percebemos então que o meu agressor era taxista, porque movimentou o carro que dirigia mais para frente no ponto de táxi.

Sábado, quando estava na atividade de aniversário do PCdoB em Poa, uma pessoa que está nos grupos de Whatsapp de organização da vinda de Bolsonaro a Caxias no dia 5 de abril me enviou as postagens que esse eleitor dele havia feito no grupo. Fiquei apavorado com a repercussão no grupo. Já existiam lá fotos minhas e informações sobre minha pessoa.

Fiz print de tudo o que tem de ameaças no Facebook e as que recebi de publicações nesses grupos de Whatsapp dos apoiadores do Bolsonaro.

Uma amiga me escreveu domingo de noite dizendo ter recebido minha foto e minhas informações de outro grupo do Whatsapp, que não era esse intitulado Bolsonaro Caxias do Sul.

Hoje à tarde, estou pegando documentos no cartório para registrar ocorrência policial ainda hoje. Meu sindicato fez nota oficial e o meu caso já foi denunciando nas Comissões de Direitos Humanos e Cidadania na Câmara de Vereadores de Caxias.

Veereadora presidente Denise Pessôa e o deputado Jeferson da AL farão denúncia na tribuna de ambos parlamentos.

No dia 4 de abril, véspera da chegada de Bolsonaro em Caxias, vou para Poa para ser ouvido na comissão de Direitos Humanos. Tenho uma filha de 13 anos e preciso pensar na integridade física dela também.