Trump quer colocar exército na fronteira com o México 

Donald Trump quer enviar o Exército para proteger a fronteira com o México, com a justificativa de pressão da imigração irregular e da entrada de drogas, enquanto espera pelo polêmico muro que quer construir e para qual o Congresso não aprova um orçamento

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O presidente dos Estados Unidos propôs a ideia após vários dias de ataque no Twitter contra o país vizinho, que já havia sido seu alvo permanente durante a campanha eleitoral para a Casa Branca, e que agora volta a entrar em sua mira. "Até que possamos ter um muro e segurança fronteiriça, vamos proteger nossa fronteira com nossas Forças Armadas. Este é um grande passo", disse a repórteres durante um almoço com os líderes da Estônia, Letônia e Lituânia, que visitam Washington.

Segundo matéria publicada pelo El País, o saldo migratório com o México está há anos negativo, ou seja, mais mexicanos deixam os EUA do que entram, mas Trump decidiu rever a questão como sua bandeira. "Temos leis muito ruins para nossa fronteira e vamos fazer algumas coisas militarmente", afirmou Trump, acrescentando que já tinha conversado sobre o assunto com o chefe do Pentágono, Jim Mattis. Trump não deu detalhes sobre o plano de envio de militares à fronteira, nem sobre o número de soldados ou datas.

Ainda segundo o El País, já existe uma Guarda na fronteira encarregada especificamente dessa tarefa, embora, no passado, outros presidentes tenham recorrido à Guarda Nacional — o Exército de reserva — para reforçar o controle em alguns momentos. O democrata Barack Obama, por exemplo, anunciou o envio de 1.200 soldados em resposta à demanda de seus próprios legisladores para reforçar a luta contra o tráfico de drogas. E seu predecessor, o republicano George W. Bush, enviou 6.000 soldados para ajudar a construir grades e estradas entre 2006 e 2008.

Trump acusou Obama de ter deixado a fronteira praticamente aberta para todos — quando as deportações dispararam durante a Administração do democrata — e assegurou que as leis se tornarão mais rígidas em relação ao México ou Canadá.

A cruzada de Trump contra a imigração irregular, com o muro como seu grande símbolo, começou marcada por ataques racistas contra os mexicanos. O nova-iorquino anunciou sua candidatura à Casa Branca dizendo que os imigrantes que chegavam sem documentos do México eram "estupradores" e criminosos. Embora "alguns", admitiu depois, fossem "pessoas boas".

Trump já se envolveu em diversas polêmicas devido às suas falas racistas e a sua postura agressiva. Em janeiro desse ano, o presidente referiu-se ao Haiti e alguns países africanos como "países de merda". No ano passado, ameaçou "destruir completamente" a Coreia Popular; ameaçou intervir na Venezuela; duarente sua campanha, áudios em que depreciava mulheres foram vazados; sua decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel causou novos confrontos na região, com uma ofensiva invasiva israelense extremamente violenta. Isso sem contar quem Trump está colocando em cargos importantes dentro do governo: um ultraconservador como assessor de Segurança Nacional, uma torturadora como diretora da CIA

Em qualquer caso, o atual presidente dos EUA pede um financiamento de 25 bilhões de dólares (cerca de 84 bilhões de reais) para que possa construir o muro. Quer cobrar mais tarde do México; uma opção seria por meio de acordos comerciais. Mas, enquanto isso, os contribuintes norte-americanos arcariam com o custo, proposta vetada pelo Congresso dos EUA. Os democratas rejeitam a medida, e os republicanos se sentem incomodados com a iniciativa.


Após a decisão de Trump de colocar o exército na fronteira, o Senado do México repreendeu severamente o presidente norte-americano na quarta-feira (4). Segundo a Reuters, em uma moção aprovada por unanimidade no plenário do Senado, os parlamentares condenaram a agressiva retórica de Trump em relação ao México, descrevendo a decisão do presidente dos EUA de enviar soldados para a fronteira como “mais um insulto”.

“A conduta (de Trump) tem sido permanentemente e sistematicamente, não apenas desrespeitosa, mas ofensiva, baseada em preconceitos e desinformação e fazendo uso frequente de ameaças e chantagem”, disse Laura Rojas, líder da comissão de relações exteriores do Senado, em apoio a moção, como informa a Reuters.