Porta-voz de Temer assumirá comando da EBC

Michel Temer decidiu nomear seu porta-voz, o embaixador Alexandre Parola, como novo presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Sem experiência em veículos de comunicação, Parola substituirá Laerte Rimoli, que deixará o cargo em maio.

Laerte Rimoli Globo-VEja na EBC - Agência Brasil

A nomeação de Laerte, após o golpe de 2016, atropelou a Lei 11.652/08, que criou a EBC. Isso porque a lei estabelece que a indicação do diretor-presidente e diretor geral é de mandato de quatro anos, e na época era exercido por Ricardo Melo, que não tinha sequer um ano de exercício no cargo.

Segundo fontes do Planalto, Temer decidiu trocar o comando da EBC após Rimoli pedir para sair do cargo, pois decidiu ir para os Estados Unidos, onde sua esposa mora desde agosto do ano passado.

Parola ficará na EBC até dezembro. Isso porque Temer prometeu indicá-lo para ser embaixador do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), cuja sede é em Genebra, na Suíça. A transferência dele para a Europa está prevista para o início de 2019.

A passagem de Laerte pela EBC foi marcada pelo desmonte da emissora. Recentemente, o Conselho de Administração (Consad) da estatal aprovou a retirada do conceito de “comunicação pública” de seu mapa estratégico, que fundamenta os objetivos da empresa.

"A mudança conceitual expressa o processo de fragilização do caráter público da empresa, que foi duramente atacada logo após a chegada de Michel Temer ao poder, e suscita preocupações sobre o futuro desta que é a principal instituição do sistema público de comunicação do Brasil", diz matéria publicada pelo site Intervozes, coletivo de comunicação formado por especialistas e profissionais de diversas áreas.

No ano passado, ex-conselheiros da EBC denunciaram o desmonte com a reestruturação da empresa pública praticada pelo governo Temer. Para eles, "o golpe veio a galope", com a extinção do Conselho Curador e a retirada da participação da sociedade de qualquer decisão na empresa, as demissões, perseguição aos trabalhadores e até "censura" foram denunciadas, entre outros desmandos.