Lìderes democráticos, uni-vos pelo Brasil !
"Não podemos abandonar o Brasil e o povo brasileiro nas mãos de déspotas irresponsáveis e fundamentalistas que brincam com a democracia e se fazem de deuses da moralidade pública".
Por Vanderlei Siraque*
Publicado 17/04/2018 13:38 | Editado 04/03/2020 17:15

Estamos passando por um momento difícil das nossas vidas, enquanto vivência cidadã e democrática. Os canalhas, os demagogos, os ignorantes, os imbecis e os inocentes úteis de todos os naipes estão prevalecendo no Brasil. A desagregação social é visível e muito grande. Não há líderes populares capazes de agregar e de construir o denominado consenso progressivo. Vivenciamos um período de intensos debates políticos, após a redemocratização do Brasil com a convocação consensual da Assembleia Nacional Constituinte de 1986, a qual nos deu a Constituição ideologicamente eclética de 1988, sendo a mais participativa e democrática da história do Brasil, a qual nos garantiu eleições diretas, os direitos humanos fundamentais de todas as gerações destes direitos: direitos individuais e políticos, direitos sociais, direitos econômicos, culturais, ambientais e até o direito à felicidade(embora a proposta de Florestan Fernandes não houvesse aprovada) se os seus dispositivos forem implementados.
Elegemos Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma, ou seja, apenas quatro presidentes desde o fatídico 31 de março de 1964! Sendo que apenas dois presidentes não sofreram impeachment: Lula e FHC. Dilma e Collor, a metade foram impichados! E o Lula preso! Ou seja, apenas Fernando Henrique; isto é, 25% dos presidentes eleitos democraticamente, não tiveram problemas de impeachment ou com a Justiça! Ou o FHC é melhor que todos os outros três ou foi melhor articulado com a Polícia Federal, o Ministério Público, o STF, a mídia e o Congresso Nacional. Mais provável a última expressão, pois como alguém que quase tudo privatizou, fez emenda à Constituição para garantir a própria reeleição e retirou direitos sociais, gerou milhões de desempregados e precarizou os contratos de trabalho, poderia ser melhor que os outros três? Existe alguma coisa errada nesta história.
Todavia, é preciso lembrar de Itamar Franco e de Michel Temer, vices que vicejaram! Este último, o Michel, nem tanto: é crise de todas as espécies. O Itamar aceitou o Plano Real e saiu-se razoável mente bem ao eleger FHC. O Michel não elegeria um condômino de arranha-céus! Ninguém quer sair na foto com este traíra e golpista. Contudo, é este senhor que tem a obrigação e a missão de garantidor da democracia brasileira. Não adianta chorar: a denominada "classe política" precisa criar propostas de consensos progressivos, pois estamos no mesmo barco e este barco está à deriva com loucos ou fundamentalistas em sua direção. Direção de setores do Judiciário e do Ministério, os quais não tem a mínima responsabilidade com os destinos da democracia, da economia e da sociedade brasileira.
Essas pessoas agem, supostamente, sob preconceitos de classe e políticos-ideológicos por meio da mantra da corrupção e da moralidade pública, cujos termos são de conteúdos vagos e juridicamente indeterminados e, pior, "os corruptos e os imorais são os outros ou quem eu escolher ou taxar como tal". Tem alguns jejuando fora da Semana Santa e ministros do STF se comportando como se constituintes originários fossem e, assim, mudando a clareza dos dispositivos constitucionais para lhes dar outros sentidos, apenas com o intuito de perseguições ou de emplacar as suas posições fundamentalistas da Law&Order! "Os outros" são bandidos e imorais e os auxílios moradias e a duplicidade de férias anuais são "meios legais"(SIC!) de complementações dos "parcos" salários de mais de $25 mil num país onde o salário mínimo é de menos de $1 mil! E, pior, juízes da primeira instância se comparam a ministros do Supremo e a membros eleitos do Congresso Nacional.
No Judiciário e no Ministério Público todos são bons e honestos e no Legislativo e Executivo todos são, no mínimo, suspeitos e suspeitas são as empresas que realizam contratos com o Poder Público. Suspeitos são as pessoas que dão a cara para bater e se candidatam para as eleições e para a festa democrática! Mas a mídia? Perante esta se acovardam e fazem acordos para o seletivo noticiário. Praticamente todas as grandes empresas brasileiras, as quais foram construídas às duras penas e com muitas estratégias para a competitividade do Brasil no mercado internacional foram destruídas e milhões de trabalhadores foram postos nas ruas da amargura, sem salários, rendas e sem o auxílio moradia. E os algozes da Law&Order não querem nem saber, até porque nada sabem sobre a vida real das pessoas pobres. Por isso, tentam destruir a história do maior líder político popular da história do Brasil. Por isso criaram um Tribunal de Exceção em Curitiba para o Lula no sentido de prejudicá-lo e destruí-lo e um outro Tribunal de Exceção Eleitoral em São Paulo para o Geraldo do PSDB para beneficiá-lo: a delação da Odebrecht sobre o Alckmin é muito mais grave que a suposta reforma do suposto sítio e triplex do Lula! No caso do Lula sequer há ato de ofício e no caso do Alkcmin há provas irrefutáveis: ele é o Santo! Dois pesos e duas medidas, dois Tribunais de Exceções, um para prejudicar o Lula e outro para beneficiar os Tucanos. Essa é a Justiça e o Ministério Público do Brasil que agem sob a complacência da mídia seletiva que sempre viveu às custas de recursos públicos por meio de publicidades oficiais.
Esses irresponsáveis com o regime democrático e com o povo brasileiro não têm dimensões do estrago que fizeram com o país e o povo brasileiro e regime democrático! E se têm as dimensões, então devem responder por tais crimes de lesa pátria.
Todavia, jamais devemos agir com o fígado, apesar dos nossos sentimentos e indignações. Devemos agir em prol do Brasil, do povo brasileiro e da democracia, porque não há saída fora da política, do diálogo com os diferentes e do regime democrático. Neste sentido, penso que apesar da dor, das injustiças, dos julgadores seletivos, das divergências políticas e ideológicas, os denominados líderes políticos deveriam formar ou construir um Consenso Progressivo para formular um Programa Mínimo para garantir a estabilidade política, econômica e social do Brasil com geração de empregos e rendas, urgente. Não podemos abandonar o Brasil e o povo brasileiro nas mãos de déspotas irresponsáveis e fundamentalistas que brincam com a democracia e se fazem de deuses da moralidade pública. Líderes democráticos: uni-vos!