Expectativa de terceira denúncia faz Temer adiar viagem à Ásia

Michel Temer decidiu cancelar a viagem que faria à Ásia na próxima semana afirmando que a viagem poderia prejudicar a pauta de votações no Congresso Nacional. Além da falta de prestígio internacional, a decisão de permanecer no país ocorre no momento em que as investigações sobre o inquérito dos portos avança sobre familiares.

Michel Temer - Lula Marques/AGPT

“Tendo em vista o calendário eleitoral, a concentração de votações no Congresso, essenciais ao programa de reformas do governo, e a necessidade da ausência simultânea do país dos presidentes das duas Casas legislativas, durante o período da visita, por exigência da lei eleitoral, a pauta de votações no Congresso ficaria prejudicada”, disse a chancelaria, em nota.

Na viagem que ocorreria no início da próxima semana, estavam previstos encontros bilaterais – quando seria recebido por chefes de Estado – em todos os países. Além disso, Temer se encontraria com investidores na Tailândia e em Cingapura. Já na Indonésia e no Vietnã, estavam marcadas reuniões para firmar acordos comerciais entre o Brasil e esses países.

Investigado pelo STF

Tudo indica que a terceira denúncia contra Temer virá das investigações sobre a decreto que favoreceu empresas ligadas ao setor dos portos. Uma das filhas de Temer, Maristela, vai prestar depoimento no inquérito que apura as suspeitas de corrupção em empresas do setor portuário. As suspeitas dos investigadores é de que uma reforma na casa dela tenha sido utilizada para lavar dinheiro de propina destinada ao emedebista.

Ainda segundo o governo, o fato do Brasil não ter vice, caberia ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assumir o cargo ou na ausência de Maia, o presidente do Senado, Eunício Oliveira. Porém, ao assumir tais funções, Maia e Eunício se tornariam inelegíveis para as próximas eleições. Diante disso, eles precisam deixar o país até o retorno de Temer.

Na última viagem internacional do presidente, para o Peru, Maia foi para o Panamá e Eunício viajou para o Japão. Quem assumiu a presidência da República interinamente foi a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.

O governo também diz que precisam de Maia e Eunício para garantir as cotações da privatização da Eletrobras, a reoneração da folha e o cadastro positivo. Com o recesso parlamentar, de 17 de julho a 1º de agosto, e o período de campanha eleitoral, o governo teme não conseguir votar as medidas.