Após desabamento de prédio em SP, 44 pessoas ainda estão desaparecidas

O corpo de Bombeiros informou, na manhã desta quarta-feira (02), que 44 pessoas permanecem desaparecidas após o incêndio e desabamento de prédio no Centro de São Paulo na madrugada desta terça (01). Esse número se refere aos moradores que estavam cadastrados na Prefeitura, ou seja, pode ser que nem todos estivessem no prédio no momento do ocorrido. 

Prédio que desabou no centro de SP - Largo do Paissandu - Rovena Rosa/Agência Brasil

Os bombeiros levarão 48 horas para começar a mexer na estrutura do edifício e a estimativa é de que os trabalhos no local durem uma semana. As equipes de resgate vão usar drones equipados com câmeras que detectam calor instaladas.

De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Marcus Palumbo, as buscas estão sendo feitas considerando que a vítima ainda pode estar com vida. “Não podemos perder a possibilidade de localizar essa vítima sem que haja uma movimentação estrutural brusca. Se mexo com retroescavadeira, pode alterar algum ponto, como um bolsão de ar em que essa vítima possa estar.” Somente serão usados aparelhos pesados, como restroescavadeiras após 48 horas do desmoronamento.

“O prédio era ocupado por 372 pessoas, de 146 famílias, segundo o Corpo de Bombeiros. Dessas, 28 pessoas ainda não foram localizadas –o que não significa necessariamente que todas estivessem no prédio. De acordo com a prefeitura, 320 pessoas foram cadastradas como desabrigadas após o desabamento e 40 delas buscaram atendimento na assistência social.

Após o desabamento, o Ministério Público de São Paulo reabriu a investigação sobre as condições estruturais do prédio. A promotoria de Habitação e Urbanismo havia pedido, em 16 de março deste ano, o arquivamento do inquérito após a Defesa Civil ter feito uma vistoria no prédio de 24 andares e afirmar que não havia risco estrutural na edificação.”

Até o momento, a causa do incêndio não foi divulgada.

Desleixo do Estado com o déficit de moradia

Após o desabamento do prédio do antigo edifício da Polícia Federal, especialistas, arquitetos e movimentos de moradia lamentaram o ocorrido e denunciaram o descaso do governo, tanto da União quanto dos municípios, em relação a falta de moradia.

O arquiteto e urbanista Nabil Bonduki definiu o ocorrido como "um drama social que poderia ter sido evitado". Ele disse ainda que isso é "resultado do descaso das três esferas de governo na implementação de uma política de habitação nas áreas centrais, que tornaram as ocupações de prédios ociosos a única possibilidade da população de baixa renda morar na região".

Nabil destacou também que a especulação e a falta de moradia no centro inflacionam os aluguéis. Um cômodo de cortiço no centro, por exemplo, não sai por menos que R$ 800, enquanto um espaço delimitado por tapumes no edifício incendiado custava R$ 200.

"Frente a esse valor, é fácil entender porque tantas famílias aceitaram correr o risco que teve esse final trágico", finaliza o arquiteto.