Publicado 03/05/2018 12:34
Temer, aos 45 minutos do segundo tempo, tenta se apresentar como um governante preocupado com as políticas sociais, anunciando, às vésperas do Dia dos(as) Trabalhadores(as), o reajuste de 5,67% no Programa Bolsa Família. Até aí nenhuma novidade, pois o reajuste é uma ação praticada desde os governos do PT, com Lula foram três e com Dilma, dois.
Mas o mais importante é o que Temer não disse. No mês de maio, mais 392 mil famílias serão desligadas do Bolsa Família. No total, o governo golpista já retirou do programa mais de 1 milhão de famílias. Outro corte em massa aconteceu nos meses de junho e julho de 2017, quando 543 mil famílias foram cortadas.
O governo Temer, numa ação orquestrada pelo então Ministro do Desenvolvimento Social, deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Osmar Terra (MDB), já entra para a história como a gestão mais nefasta nas políticas de assistência social. Uma gestão que fica marcada pela perseguição feroz aos mais pobres, denominada como “pente fino”, numa busca incessante para desligar famílias e reduzir o programa.
Somado aos desligamentos, o corte orçamentário da política de assistência social, que em algumas rubricas fundamentais como os Serviços de Proteção Social Básica e a Estrutura da Rede de Serviços de Atenção Básica chegaram a 99%, desmonta a possibilidade das famílias serem acompanhadas e até mesmo incluídas no Cadastro Único do Governo Federal, porta de entrada do programa.
Quando falamos do reajuste, temos que considerar que o benefício médio das famílias beneficiadas é de R$ 177,71, o reajuste chegará em média a R$10,00, passando para R$187,79. Nem perto de aliviar o aumento tão significativo do gás de cozinha, que obviamente pesa ainda mais no bolso das famílias mais pobres.
Quando falamos do desligamento em massa, temos que fazer um questionamento: como um país que tem quase 14 milhões de desempregados(as), onde o percentual de desigualdade de renda cresce em índices consideráveis e que despenca 19 posições na classificação correspondente à diferença entre ricos e pobres no ranking da ONU, tem condições de desligar famílias do programa?
A resposta é a lógica do Governo Temer: para os ricos, perdão de dívidas, redução de juros e multas, a grande festa do mercado; para os pobres, uma conta amarga de desmonte das políticas mais básicas de garantia da dignidade humana.
O Bolsa Família completa 15 anos em 2018, com um legado de mudança da vida para milhares de famílias e uma geração de crianças que cresceram longe da fome e da miséria extrema, além do reconhecimento internacional. Esses são motivos mais do que especiais para que a resistência se mantenha firme e a luta não esmoreça.
Nós temos lado. Seguiremos lutando por um Brasil que olha com respeito, seriedade e compromisso para as pessoas que mais precisam.