Livros de e sobre mulheres incríveis lançados em 2018

A relação de Maya Angelou com sua mãe, a trajetória da artista Carla Chaim e as análises e propostas da economista Laura Carvalho são alguns deles

Maya Angelou e mãe

Em pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, vinculado a Universidade de Brasília (UnB), foi constatado que uma média de aproximadamente 75% dos livros lançados entre 1965 e 2014 foram escritos por homens. Em busca de incentivar a leitura de autoras mulheres, várias iniciativas surgiram nos últimos anos, como os coletivos Leia Mulheres e o Mulherio das Letras.

Contribuindo com esse movimento de conhecimento da literatura escrita por mulheres, listamos abaixo livros lançados até agora em 2018 que foram escritos por mulheres ou sobre mulheres.


1. Valsa Brasileira: do boom ao caos econômico (Todavia), por Laura Carvalho

Com análise atenta e minuciosa, a economista Laura Carvalho apresenta algumas explicações sobre como a economia brasileira foi do êxito ao declínio, passando pelo governo Lula e chegando a estagnação após o impeachment. Além das constatações, Laura emenda propostas do que pode ser feito para sair da crise, com uma nova agenda.


2. Carolina Maria de Jesus: uma biografia (Malê), por Tom Farias

Frequentemente tendo sua obra e vida resgatadas, a escritora Carolina Maria de Jesus parece ter voltado para ficar no imaginário da literatura brasileira. Sua trajetória da infância pobre à ascensão no mercado editorial, com posterior desinteresse do mundo literário, é contada com afinco nesta edição preparada pela editora Malê.

3. Todo dia a mesma noite, a história não contada da boate Kiss (Intrínseca), por Daniela Arbex

Desde o dia 27 de janeiro de 2013, a jornalista Daniela Arbex se debruça sobre a história das dezenas de pessoas (em sua maioria jovens) que foram vítimas do incêndio ocorrido na Boate Kiss, em Santa Maria. Completados cinco anos desde o ocorrido, Daniela traz neste livro um desejo de que essas pessoas não sejam esquecidas, ao acompanhar de forma sensível o luto e a luta de familiares e amigos das vítimas, que até hoje esperam por justiça.


4. Carla Chaim (Cobogó), por Jacopo Crivelli Visconti

Dez anos da trajetória da artista Carla Chaim são reunidos em livros que apresenta sessenta e seis obras, entre vários formatos realizados por ela. Com a peculiaridade de usar o corpo para conduzir suas práticas, Carla se destaca com uma das artistas mais singulares no Brasil hoje.

5. Incidentes na vida de uma garota escrava (Aetia), por Harriet Ann Jacobs

Publicado pela primeira vez em 1861, o livro é uma dos primeiros registros literários de literatura afro-americana escritos por autoras que viveram o terror da escravidão nos EUA. Harriet relata os sofrimentos do dia-a-dia dos escravos nas lavouras, colocando em discussão as práticas abusivas pelas quais passavam, o que poderia ser um registro autoficcional.

6. Léxico familiar (Companhia das Letras), por Natalia Ginzburg

Vinda de família que combateu veementemente o fascismo de Mussolini na Itália, Natalia aborda em seu livro mais conhecido a vida de uma família comum em meio a tempos autoritários. A autora traz como fio condutor a própria infância em uma família judia, passando pela posterior amizade com Cesare Pavese e chegando até a morte do marido no cárcere.

7. Mamãe & Eu & Mamãe (Record/Rosa dos Tempos), por Maya Angelou

Quem conhece a história de Maya Angelou dificilmente poderia acreditar que uma de suas maiores dificuldades foi a relação conturbada com a mãe. Deixada para ser criada pela avó quando criança, a multiartista e revolucionária feminista teve que aprender, na adolescência, a amar sua mãe, a qual posteriormente chamou de “a melhor mãe de uma jovem”.

8. As luas de Júpiter (Biblioteca Azul), por Alice Munro

Vencedora do Nobel de Literatura em 2013, Alice Munro aborda uma família que tem a figura do pai como núcleo familiar e tenta se manter em pé quando o progenitor passa por problemas de saúde. A filha, Janet, então, entra em uma busca constante da aprovação do pai em tudo o que fazia, desejando ser motivo de orgulho para ele.