O segundo turno e o futuro da paz na Colômbia

A reorganização das alianças eleitorais para o segundo turno presidencial da Colômbia, cuja campanha começa nesta segunda-feira (28), será decisiva para o futuro da paz no país.

Por Tania Peña

Iván Duque - El Tiempo

Justamente o tema da paz e a reconciliação, diluído entre outros nas campanhas eleitorais até agora, cobrará mais força nas próximas três semanas.

Os candidatos que passaram para o segundo turno, o uribista Iván Duque, e o representante do movimento Colômbia Humana, Gustavo Petro, pensam de modo muito diferente quanto à construção da paz.

Nesta primeira etapa da campanha, o candidato Duque obteve 39,14% dos votos, seguido de Petro com 25,09%. Em terceiro lugar ficou o expoente da Coalizão Colômbia, Sérgio Fajardo, com 23,73%.

Ainda que Duque tenha voltado atrás e dito que não fará em pedaços o Acordo de Paz, anunciou que fará reformas estruturais [no documento] com o argumento de combater o que chama de “impunidade” e que, ao seu ver, conduziria ao cárcere os ex-comandantes guerrilheiros.

Como comentou um analista colombiano: “quem na história do mundo deixa de ser guerrilheiro e assina um acordo para ir preso? Que mensagem tem uma proposta assim para o Exército de Libertação Nacional em meio a um processos de negociação da paz?”.

Petro, por sua vez, não só apoia a paz, mas disse que irá mais além do acordo pactuado entre a ex-guerrilha Farc e o governo. Segundo ele, para construir a paz é necessário superar a pobreza e a desigualdade.

O ex-prefeito de Bogotá confia no respaldo que pode ter dos eleitores dos outros candidatos para vencer Duque no segundo turno, programado para o próximo 17 de junho.

“Duque parece ter um teto e a mudança somos nós, nossas forças livres da cidadania, vamos avançando com passos firmes, sempre em frente. Podem ter certeza de que vamos vencer, que se pode mudar a história da Colômbia”, afirmou Petro na noite deste domingo (27) ao receber a notícia de que iria para o segundo turno.

“A Colômbia volta para a violência, ou segue para uma era de paz”, destacou o candidato que representa as forças progressistas. Analistas colombianos acreditam que Petro tem possibilidades de romper o aparente tento que se impôs com as pesquisas e crescer nas intenções de voto, a depender do apoio que vai receber dos eleitores de Fajardo e do candidato do partido Liberal, Humberto de La Calle, que também é um defensor do acordo de paz.

Para o cientista político Alejo Vargas, o segundo turno se desenvolve num cenário mais polarizado que o apresentado até o momento e tudo vai depender das alianças que serão construídas antes de chegar o dia das urnas.