Paraíso Perdido, uma ode ao brega

Tem filme que faz a gente rir, tem filme que faz a gente chorar, e tem filme como “Paraíso perdido”, que faz a gente se apaixonar.

Por Teddy Falcão*

Paraíso Perdido - filme - Divulgação

O filme é uma muito sincera homenagem à música (popular) romântica brasileira. Salvo as discussões sobre o termo ser ou não pejorativo, também conhecida como “brega”. Aliás, sobre isso, quando perguntaram em uma entrevista sobre o significado da “música brega”, Monique Gardenberg foi incisiva ao responder “eu não gosto de chamar de brega. Gosto de chamar música romântica!”

Monique Gardenberg além de dirigir, assina também o roteiro deste que é um filme com fotografia que não passa do essencial, com planos e movimentos que certamente não exigiram muito do diretor Pedro Farkas. Mas que não deixa, em harmonia com a arte de Valdy Lopes, nada a desejar. O universo de “Paraíso perdido” está quase completo, tendo na música o elemento visceral da obra.

Do início ao fim, a diretora propõe uma imersão no universo de um gênero musical marginalizado, e em intensidade maior, amado no Brasil.

Zeca Baleiro assina uma produção musical responsável e brilhante ao fazer um resgate dos grandes clássicos do gênero, que nos permitem conhecer (ou relembrar) artistas como Márcio Greyck, Angela Maria, Adilson Ramos, Leonardo Sullivan, além de nomes mais conhecidos como Belchior, Odair José, José Augusto, Reginaldo Rossi, Waldick Soriano, Roberto e Erasmo Carlos.

O elenco parece ter entendido o significado do “brega”. Não há atuações dignas de grandes prêmios. Mas ver Seu Jorge como “Taylor”, um motoboy durante o dia, cantor a noite e aspirante a
ator nos intervalos é, desculpe o trocadilho, um prêmio.

Erasmo Carlos, é o patriarca de uma família com dores dignas de se tornar letra de uma música do gênero.

Júlio Andrade sempre preciso. Aqui ele vai além, é criativo, trágico, completo.

Jaloo estreia como ator e nos entrega um “Imã” se descobrindo como pessoa aos vinte anos mas que, como artista, transformista, parece veterano. É gigante num palco de uma boate que deveria ser o mundo todo.

Entre as mulheres, Marjorie Estiano, Hermila Guedes, e Malu Galli parecem ser o suporte para uma estrela especial: Julia Konrad. Do Recife para o palco e o universo de “Paraíso perdido”.

Até os trinta minutos do filme, está claro que se pode esperar muito do roteiro porque de certa forma você aprende o filme. Mas aí já é tarde. O espectador estará entregue, apaixonado pelos personagens que fazem da música brega brasileira a descrição das suas vidas.

Você sairá do cinema com a certeza de que o famigerado brega, é, na verdade, um paraíso perdido na música popular brasileira.

Assista ao trailer:


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