Temer dá continuidade à entrega do pré-sal

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) realiza, nesta quinta (7), nova rodada de licitação de campos de petróleo, nas bacias de Santos e Campos. É o quarto leilão de blocos exploratórios de óleo e gás no pré-sal, sob regime de partilha de produção. Há 16 empresas inscritas. O número recorde de interessados decorre do grande volume de petróleo existente no pré-sal e expõe o equívodo de a Petrobras ter reduzido seu papel na exploração desses campos.

Navio-plataforma (FPSO) Cidade de Maricá que processa produção do pré-sal na bacia de Santos - Petrobras

Com as mudanças regulatórias implementadas no setor pelo governo Temer, e a partir do fim da exigência da Petrobras como operadora única dos campos do pré-sal, abriu-se oportunidade para maior atuação das empresas estrangeiras, como mostrou o resultado da segunda da terceira rodadas de leilões realizadas em 2017.

O contexto é bem diferente daquele no qual se realizou a primeira rodada de licitação do pré-sal,em 2013, quando o Estado brasileiro possuía maior capacidade de coordenação das atividades de petróleo e gás, e a Petrobras assumia o papel central neste processo.

Desta vez estão em oferta as áreas de Itaimbezinho, Três Marias, Dois Irmãos e Uirapuru, que abrangem uma área de 4.231 km² . Estima-se, segundo a ANP, um volume de reservas de petróleo de cerca de 14 bilhões de barris. A ANP espera arrecadar, como bônus mínimo de assinatura, o montante de R$ 3,2 bilhões. Assim, cada barril de petróleo custará R$0,23 e o percentual mínimo de excedente em óleo para a União ficou em 13,5%.

De acordo com a Federação Única dos Petroleiros, está claro que a política estratégica do governo Temer é atrair empresas privadas para a exploração do petróleo do pré-Sal. "Ele está dando a maior parte do óleo produzido para as operadoras vencedoras do leilão a um valor menor de pagamento de bônus de assinatura", escreveu a entidade em seu site.

Para Simão Zanardi, coordenador geral da FUP, “o leilão, um crime contra a soberania do país, só acontece porque a política de estado continua sendo mantida pelo governo atual, e todos precisam saber que o que está sendo leiloado é uma reserva natural e por isso deve ficar para o povo brasileiro.”

Enquanto a Petrobras desdenha do pré-sal, num momento em que o preço do barril de petróleovoltou a subir, gigantes do setor, como BP e Shell, cobiçam os campos brasileiros. 

O pré-sal é uma das melhores áreas exploratórias do mundo, com as maiores descobertas offshore na última década. Um poço do pré-sal produz, em média, mais de 30.000 barris por dia de petróleo no início da vida. Em abril de 2018, sua produção já respondia por 54,4% da produção total do Brasil.

Apenas um poço do pré-sal, no Campo de Mero (no modelo de partilha da produção) produziu neste mês média de 50 mil boe/dia. Este volume é maior do que o produzido no Estado do Rio Grande do Norte, com mais de 1.300 poços (cerca de 47,7 mil boe/dia), e corresponde a duas vezes a produção de Sergpe, com cerca de 4.000 poços.