São Benedito: Comunidade Tapuya Kariri recebe nova escola indígena

O Governo do Ceará inaugurou, na última quinta-feira (07), no município de São Benedito, na Serra da Ibiapaba, a nova sede da Escola Indígena Francisco Gonçalves de Sousa, equipamento que vai atender cerca de 300 estudantes da comunidade indígena Tapuya Kariri.

São Benedito: Comunidade Tapuya Kariri recebe nova escola indígena

Sonho antigo da comunidade de pouco mais de 1.000 habitantes, a escola vai transformar a realidade local. Neguinho Tapuya Cariri, de 50 anos, lamenta o fato de não ter frequentado a escola na infância. Ele conta que o pouco que aprendeu foi com o próprio pai, e só conheceu a sala de aula na adolescência, e mesmo assim, na cidade que fica a 20 quilômetros da tribo. ” A nova geração de nossa tribo não vai sofrer os problemas que sofremos no passado. Com essa escola, nossos filhos vão aprender e ter um futuro bem diferente, é um sonho realizado”, celebrou.

Para a cacique Andréa Rufino, a escola vai revitalizar e fortalecer a luta do povo Tapuya Kariri pelos seus direitos. “Agora temos uma grande estrutura, a visão da importância da escola indígena ganha força dentro e principalmente fora da comunidade, para nós é uma vitória”, comemorou.

A inauguração da escola contou com a presença do governador Camilo Santana, do secretário da Educação, Rogers Mendes, do prefeito de São Benedito, Gadyel Gonçalves (PCdoB), e da cacique Andréa Rufino, que visitaram as novas instalações compostas por seis salas de aula, sala do professor, biblioteca, laboratório de informática, dependências administrativas (secretaria e diretoria), cozinha, cantina e pátio coberto.

De acordo com o governador, o investimento de R$ 1,7 milhão, dos Governos Estadual e Federal, será recompensado com um futuro de mais qualidade. “O pais tem uma dívida com o povo indígena, e tudo o que estamos vendo hoje aqui é fruto da luta de cada indígena por dias melhores. Entregar essa escola é a certeza de que estamos investindo num futuro de mais igualdade entre todos”, afirmou.

Escolas indígenas

A Educação Escolar indígena é uma modalidade da educação básica que visa à recuperação de memórias históricas, reafirmação de identidades étnicas, valorização de línguas e ciências, além de garantir acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas.

A Secretaria da Educação (Seduc), por meio da Coordenadoria da Diversidade e Inclusão Educacional/Educação Escolar Indígena, desenvolve ações de apoio à implementação da educação escolar para as diversas etnias presentes no Estado, contribuindo para a afirmação dos povos do Ceará como sujeitos de direito.

A rede de escolas indígenas conta com 38 unidades estaduais, pertencentes a 14 etnias, distribuídas em 16 municípios. Em 2018, essas escolas têm 6.899 alunos matriculados, ofertando da educação infantil ao ensino médio regular e a modalidade de educação de jovens e adultos (EJA).

A escola integra a Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 5, localizada em Tianguá. A Crede é dirigida pelo professor Gerso Mendes Coelho de Morais. A rede estadual na região conta com 36 escolas, sendo 6 EEEPs, 2 Centros de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), 2 Escolas do Campo, 3 Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, 1 Indígena, 1 Quilombola e 21 de Ensino Médio Regular.