Sousa Júnior: PT e PCdoB, uma aliança eleitoral possível e desejável

“Lula não é um ingênuo, é um gênio da política. Quando ele indicou Gleisi para a presidência do PT, sabia o que estava fazendo. E quando ela saudou a pré candidatura de Manuela e disse “lá na frente a gente se encontra” sabia o que estava dizendo. Resta saber se esse encontro vai ocorrer agora, ainda no primeiro turno. Afinal, se não acontecer a tragédia anunciada, o futuro será mulher”.

Por Sousa Júnior*

Manuela e Lula em Porto Alegre - Foto: Rodrigo Positivo

Agora é oficial. “Construir uma coligação nacional para apoiar a candidatura Lula com PSB, PCdoB e outros partidos que venham a assumir este apoio”. Esta é a principal resolução do PT em reunião de sua Comissão Executiva Nacional realizada no último sábado, 09. O que esta decisão pode implicar? Ciro está assediando o PSB oferecendo também a vice-presidência. A proximidade entre ambos é muito maior do que do PSB com o PT, que disputam entre si posições de forma acirrada, como ocorre em Pernambuco. Caso Ciro consiga seu objetivo, a aliança com o PCdoB, com a vice-presidência sendo oferecida a Manuela, seria a opção que restaria ao PT, até porque ela é a única que tem reafirmado sua disposição de retirar sua pré-candidatura em favor da unidade da esquerda e das forças desenvolvimentistas.

Nesta possibilidade, a aliança eleitoral PT-PCdoB, que vem se mantendo desde 1989, pela primeira vez ocorreria tendo os comunistas na vice-presidência, ocupando uma posição de destaque no governo em eventual vitória da coligação. Tal hipótese, espero que seja avaliada positivamente pelo PCdoB e, principalmente, por aqueles que rejeitam a aliança do PT com quaisquer partidos golpistas. Só lembrando: o PSB apoiou o golpe e seus votos foram decisivos para afastar Dilma.

E a candidatura de Lula? Ora, tenho dito que o lançamento de sua pré-candidatura é uma tática eleitoral correta, principalmente agora na busca de alianças no campo da esquerda. O que está errado e reafirmo é a estratégia do “Lula ou nada”, ou seja, a partir do momento em que ficar constatada sua impossibilidade eleitoral por conta de decisão da justiça golpista, é preciso que o PT o substitua até o dia 17 de setembro, pois após essa data, sendo indeferida sua candidatura, todos os votos que lhe forem atribuídos serão anulados. E aí restará nas urnas provavelmente um bolsonazista ou um outro candidato fora do campo da esquerda, Ciro talvez, para disputar o segundo turno. Esta hipótese seria uma tragédia, dezenas de milhões de votos jogados na lata do lixo que sequer serão contados como de Lula, pois serão considerados nulos pela lei eleitoral.

O resultado dessa estratégia do “Lula ou nada”, sob o pretexto de não legitimar a eleição (como se isso fizesse alguma diferença para as forças golpistas, o PIG etc.), seria um governo respaldado pelo voto com mais força ainda para continuar os retrocessos e manter Lula preso. O menos mal nessa hipótese de segundo turno seria eleger Ciro, daí a razão do apelo recente de Lula de não atacá-lo. A propósito, encerro dizendo que Lula não é um ingênuo, é um gênio da política. Quando ele indicou Gleisi para a presidência do PT, sabia o que estava fazendo. E quando ela saudou a pré candidatura de Manuela e disse “lá na frente a gente se encontra” sabia o que estava dizendo. Resta saber se esse encontro vai ocorrer agora, ainda no primeiro turno. Afinal, se não acontecer a tragédia anunciada, o futuro será mulher.

*Sousa Júnior é publicitário e diretor da web rádio Atitude Popular

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