Áustria, Alemanha e Itália juntam-se contra a imigração

O primeiro-ministro austríaco, Sebastian Kurz, insiste na construção de centros para migrantes fora do bloco europeu; apesar de defender que isso seria "bom" para os imigrantes, seu governo também prevê corte de benefícios sociais às pessoas que chegam no país. Kurz afirmou que está funcionando um “eixo” entre Áustria, Alemanha e Itália para combater a imigração

Sebastian Kurz líder do OVP na Áustria - Christian Bruna / EPA

Sebastian Kurz, conservador que governa aliado a extrema-direita, afirmou que a construção de centros para migrantes fora do bloco europeu seria para "abrigar e oferecer proteção, mas não uma vida melhor". O discurso denota preconceito ao afirmar que essas pessoas vindas da África e do Oriente Médio não teriam o direito de almejar uma vida melhor nos países da Europa. 

Esses "centros" seriam destinados aos migrantes que não se qualificam para obter asilo na União Europeia ou cujas solicitações foram rejeitadas. Um dos países que poderia abrigar os centros seria a Albânia, segundo Kurz. A Albânia é vista com certo desprezo por europeus conservadores. 

A coalizão que governa a Áustria desde o fim de 2017 estabeleceu como uma de suas prioridades adotar uma política migratória restritiva. O governo deseja tornar a Áustria menos atrativa para os demandantes de asilo e pretende aumentar a expulsão das pessoas que tiveram os pedidos rejeitados, um objetivo contrariado pela ausência de acordos de readmissão com vários países de origem.

No final de maio, o DW reportou que o governo austríaco já possuia planos de reduzir os beneficios sociais dos imigrantes, como cortar o salário social daqueles que não têm conhecimento intermediário de alemão e reduzir os benefícios pagos por filho. A medida, no entanto, pode ser considerada discriminatória para cidadãos da UE, que, segundo o direito comunitário, estão submetidos às mesmas normas e tem direito aos mesmos benefícios que os cidadãos do país onde vivem.

Eixo contra a imigração: Áustria, Alemanha e Itália

O primeiro-ministro austríaco mencionou a existencia de um "eixo" com os ministros da administração Interna da Áustria, Alemanha e Itália para lutar contra a imigração ilegal na União Europeia, enquanto os europeus se dividem em relação a essa questão.

"Estou satisfeito com a boa cooperação que queremos construir entre Roma, Viena e Berlim" nesta área, declarou Sebastian Kurz, durante uma conferência de imprensa em Berlim, na Alemanha.

Os ministros italiano, Matteo Salvini, e austríaco, Herbert Kickl, são ambos de extrema direita e o seu homólogo alemão também tem transmitido opiniões fortes acerca das questões migratórias, estando atualmente em conflito com a chanceler Angela Merkel, que rejeitou o seu projeto de endurecimento no acolhimento das pessoas que pedem asilo.

Salvini, inclusive, proibiu a entrada do Aquarius, barco com cerca de 630 imigrantes vindos do norte da África, nos portos italianos na última semana. Quando assumiu como ministro, declarou aos imigrantes que “Acabou o recreio para os clandestinos. Façam as malas e partam".

O anúncio da criação de um eixo Berlim-Roma-Viena sobre o assunto vem fragilizar a posição de Angela Merkel, que procura conseguir um acordo para um sistema de asilo europeu, para apresentar na cúpula da UE no final de junho. Vários países, especialmente do leste europeu, opõem-se dizendo que não querem ser a repartição europeia dos refugiados.

Sebastian Kurz salientou que "graças a Deus" numerosos países da UE são a favor de soluções firmes face à imigração clandestina, citando a Holanda e a Dinamarca. A Hungria, a Polônia e a República Checa também se opõem às ideias da chanceler alemã, lembrando que a Hungria e a Polônia também tem partidos de extrema-direita no poder.