Ah, o futebol!

Por Mário Fonseca*

Futebol - Foto: Lucas Ninno

Para uns poucos, muito dinheiro e poder. Para muitos meninos, fillhos da classe trabalhadora empobrecida, a chance de deixar para trás uma vida de privações. Para uns poucos entre estes, ainda, chance realizada.

Para além de tudo isso, das cifras, malfeitos e malfeitores que povoam o universo do futebol, aqui um esporte transformado em arte, um elemento de brasilidade presente no imaginário popular. Para grande parte da humanidade, um espetáculo, uma paixão que arrasta multidões, um bem imaterial.

Mais que mecanismo de mobilidade social, pois pouquíssimos entre tantos meninos e meninas (cada vez mais meninas!) conseguem realizar seus sonhos, um espaço de sociabilidade. Um esporte que ajuda a forjar educativamente o espírito coletivo, de trabalho em equipe. Que não tolhe, mesmo requer e até premia, os indivíduos diferenciados, mas que, por outro lado, costuma ser severo com o individualismo.

Aos livros, à minha família e à vivência em organizacões sociais e políticas devo muito a ideia de coletividade que em mim se inscrustou. Mas não posso deixar de reconhecer que, embora não tenha sido um craque com a pelota nos pés (já fiz lá alguns lances plasticamente bonitos), o ambiente lúdico do esporte mais popular do mundo me ajudou a entender que, mesmo que o esforço pessoal seja imprescindível, ninguém vence sozinho.

Vai Brasil!