Lado B da Lu: Futebol tão branco quanto as noites de Dostoiévski

Tá tudo muito branco na Rússia. Óbvio, dirão os insensíveis cujo olhar não ultrapassa as quatro linhas ou as questões geográficas mais básicas.

*Por Lu Castro 
 

brasil torcida - Divulgação

Falo sobre a representatividade negra dentro e fora de campo.É pouca.

Olhando para as seleções classificadas para as quartas-de-final, a coisa fica gritante. 

Para uma entidade que se diz interessada em levar o futebol para todo o planeta, a Copa delimita bem o que isso significa. 
 
Não basta levar o futebol para todos os países. Não basta, para efeitos financeiros, angariar confederações para seu quadro. É preciso muito mais que isso.
De todas as seleções, apenas Senegal levou um técnico negro. Aliou Cissé foi capitão do esquadrão senegalês em 2002 e em 2015 assumiu o comando da seleção após dois anos à frente da equipe sub-23.

Das 8 seleções que avançaram, apenas três trazem negros em seu plantel. E a torcida brasileira? Alguém prestou atenção? 

Minha última esperança de uma Copa do Mundo um pouco mais latina, morreu com a Colômbia na derrota para a Inglaterra. Aliás, foi um destempero colombiano digno de nota e uma frieza inglesa – pra combinar, talvez? – de fazer inveja ao mais visceral dos seres humanos.
Está faltando a dança, o batuque, o sorriso largo, a festa que sabemos fazer como ninguém. E que me perdoem os que se identificam com os demais, mas uma verdade seja dita: quem tem ginga tem, quem não tem, só tenta.
E assim vamos caminhando com uma Copa euroasiática branca de doer os olhos. Tão branca quanto as noites românticas de Dostoiévski, só que a romântica aqui sou eu.
Enquanto adoto o branco cidade de São Paulo nos próximos dias, vou procurando alguma coisa pra me animar nesta fase decisiva da competição, ou, pra não sofrer tanto, manter o olhar nos arredores, sempre tão interessantes quanto o que rola dentro das quatro linhas. Só que sem VAR.