Guru do DEM: Caminho para crescer nas pesquisas é ser oposição a Temer

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o estatístico Paulo Guimarães, guru do DEM sendo publicitário das campanhas de César Maia (RJ), disse que o discurso anti-esquerda de Jair Bolsonaro está se esvaziando e que, mesmo preso, Lula é o principal fator de mudança do processo eleitoral.

Paulo Guimarães - Reprodução

Paulo, que trabalhou na campanha de Aécio Neves (PSDB) em 2014, disse é responsável pela pesquisa encomendada pelo DEM para orientar os partidos do chamado "centrão" na tentativa de criar uma alternativa presidenciável para o atual cenário de fragmentação. Segundo ele, a ida ao segundo turno está aberta a todos os candidatos.

Sobre Bolsonaro, pré-candidato pelo PSL, ele afirma que o discurso anti-PT está inflado pelo erro de bater em Lula. “O caminho para crescer é ser reconhecido como o opositor do governo Temer”, disse Paulo, destacando que o candidato da ultradireita está sob o efeito Marina Silva (Rede), da eleição de 2014, em que a suposta estabilidade ou crescimento nas pesquisas esconde um percentual elevado de eleitores que pensaram em votar nela e desistiram.

Para ele, não é a segurança pública que tem dado votos ao Bolsonaro, mas o seu discurso de ódio. “O voto dele [Bolsonaro] está no ódio ao Lula. Antigamente a gente ajudou a perder muita eleição. Chegava e perguntava: qual é o principal problema? A pessoa falava as estradas. Só que as estradas lá são problema há 50 anos, as pessoas não vão acreditar que você conseguirá resolver. Não dá voto. É como a segurança no Rio, nem o exército conseguiu, se você prometer resolver vai virar meme, chacota. O que move o voto é uma coisa que estava ruim e melhorou, como o Lula com o Bolsa Família”.

Questionado se o cenário na esquerda está mais favorável para quem ir ao segundo turno, Paulo Guimarães preferiu desconversar. Cogitando que Lula não será candidato, ele minimiza dizendo que é a imagem positiva do ex-presidente que tem peso. ”Se o Lula participa ativamente da campanha, ele vai tirar de quem tem mais voto ali e transferir para o candidato dele. Temos milhares de pesquisas que comprovam isso”, afirmou.

“O Lula participando de palanque é uma coisa, com pessoas de porta-voz é outra”, expressou ele, demonstrando que a prisão de Lula tem impacto direito no resultado das eleições.

Ainda sobre a oposição ao governo do MDB, que ele considera fundamental no atual processo político – o que explica o distanciamento de Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara, de Temer -, Paulo Guimarães afirma que o candidato ao governo só vai crescer se bater no governo. “Hoje, se pegar a eleição presidencial, mesmo com 17, 19 candidatos, o potencial de voto dá 62%. Não precisa ninguém roubar voto de ninguém, só fazer o trabalho direitinho, que é contra o Temer. A estratégia está montada, para quem quiser, de graça (risos)”, declarou.

Ele diz que a busca dos partidos do "centrão" para se unir em torno de um candidatura é fundamental para a direita. “É decisivo. E eu ainda aposto que, se eles não fizerem campanha "pró-bolsonaro", de bater no Lula, colocarão candidato no segundo turno. Provavelmente contra o candidato do Lula – ainda é cedo em função de como o Lula estará na eleição”, admitiu.