Unidade das esquerdas ou barbárie
O anunciado acordo entre o tal "centrão", que não passa de um esquadrão organizado por Eduardo Cunha e Michel Temer, com o pré-candidato tucano Geraldo Alckmin animou os setores conservadores que se uniram para derrubar Dilma Rousseff e implantar o projeto neoliberal e neocolonial não referendado pelas urnas.
Por Carlin Moura*
Publicado 23/07/2018 18:55
O mercado deu o seu aval, tendo a Bovespa subido 1,40% na sexta-feira 20/08 após os jornais estamparem o acordo. A grande mídia também não disfarçou sua satisfação. A revista Veja chegou a estampar uma foto de Alckmin em sua capa no Twitter.
É mais uma tentativa de decolar a candidatura tucana que se mostra fraca em todos os cenários de pesquisas eleitorais. A burguesia industrial paulista, a elite financeira e setores produtivos rurais optaram a não correr riscos embarcando na aventura Bolsonaro, o projeto neofascista que nasceu do discurso de ódio ao PT usado para legitimar o golpe. O boçal que se auto intitula mito foi descartado e isolado pela elite de alta plumagem.
Ao se aliar ao grupo político de Eduardo Cunha, que hoje é a base de sustentação do golpista Temer – o pior governo de toda a história do Brasil -, Alckmin demonstrou que seu projeto político será a continuidade da agenda que destrói o país, do neocolonialismo apoiado por forças internacionais que têm por objetivo retirar o protagonismo do Brasil no mundo.
Esse burburinho provoca estresse no vespeiro do MDB. Vários lá não se sentem confortáveis com a estratégia de Temer que quer lançar Meirelles como “boi de piranha” para não pesar demais o palanque de Alckmin. Na verdade os golpistas usam do tergiversionismo para disfarçar que estarão mesmo é no palanque tucano.
Muitos do MDB querem o palanque de Lula no nordeste para se reelegerem e outros, como Requião, são oposição ao governo e ao projeto entreguista de Temer.
O golpe escolheu o seu lado. Os entreguistas e vendilhões da pátria, os corruptos que desfilam por aí com malas de dinheiro, os que tem a audácia de guardar 54 milhões na sala de um apartamento, os que congelam os investimentos em políticas sociais e destroem o sonho e a dignidade dos trabalhadores do país, esses serão representados por Alckmin.
A tão cantando unidade da direita dialeticamente poderá cumprir um outro papel, esse sim histórico: fazer com que as forças democráticas, populares e de esquerda acordem! E se unam já!
Agora polarizou! Unidade do lado de lá exige unidade do lado de cá. O tiro de canhão de Alckmin pode não passar de um traque.
O PCdoB em reunião de sua direção nacional, da qual tenho a honra de fazer parte, conclama uma unidade das forças progressistas. O partido que sempre manteve boas relações com setores democráticos e de esquerda, de forma especial com PT, PDT, PSB e PSOL, cumpre seu papel histórico na defesa da democracia, do projeto nacional de desenvolvimento e contra o golpe em curso no Brasil.
A estratégia é vencer as eleições e a nossa candidata à Presidência da República, Manuela D’Avila, foi a única que disse que não seria ela um obstáculo para a unidade. Uma divisão de forças de esquerda seria um erro fatal que tiraria a chance de representação do campo popular no próximo governo.
Após o acordo de Alckmin com o centrão, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, sabe que precisa do PT, e o PT sabe que sem Ciro o caminho para a vitória ficará mais distante. A chapa ideal para a unidade seria aquela capaz de trazer pra um único palanque todas as forças políticas que combatem o Golpe impetrado por Temer, Tucanos e Centrão. Lula tem o direito de ser registrado, fazer campanha e lutar com unhas e dentes contra a injusta e arbitrária prisão política a que foi submetido. Lula hoje é o candidato com mais apoio popular no Brasil.
O PSB para onde vai? Se manterá na neutralidade ou assumirá um compromisso histórico com a democracia e a luta popular, honrando a memória de Miguel Arraes? Com uma unidade nacional poderia ter apoio do PT para o governo de SP, poderia fazer uma cadeira no senado por Minas ou até mesmo ter o vice na chapa de Fernando Pimentel para derrotar os golpistas representados por Anastasia e o zumbi Aécio, além de uma possível aliança para o Governo de Pernambuco.
A unidade é possível e urgente. O próximo presidente poderá ser o vice de Lula, caso esse seja impugnado pelo TSE. Uma coalizão progressista é a única capaz de retomar o processo de desenvolvimento nacional, com redistribuição de renda, um Estado democrático e soberano.
Essa coalização passa por um olhar especial para os arranjos regionais que garantem as reeleições dos governos progressistas nos Estados como Maranhão, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí, Amapá, Acre e ampliar com conquistas de novos governos estaduais. Fundamental também garantir a eleição de bancadas fortes no Senado, Câmara Federal e Assembleias Estaduais.
O PT manterá o seu protagonismo, continuará a ser o maior partido da coalizão, poderá emplacar grande parte do seu programa de governo. Assim como em 1998, quando a chapa Lula/Brizola uniu em torno de si a coalizão “União do Povo Muda Brasil” com PT, PDT, PSB, PCdoB e PCB, mais uma vez a história oferece a oportunidade para as esquerdas construírem uma chapa que poderá levar as forças democráticas e populares a vitória nas urnas.
Sabemos que não podemos brincar nessas eleições. A ameaça fascista, mesmo isolada, ainda ronda, e não podemos nos dar ao luxo de referendar o projeto neoliberal nas urnas. Temos uma eleição para vencer, o povo não aguenta mais o governo para os ricos, não aguenta mais o desemprego e o sofrimento. A hora é agora: hora do povo ser feliz de novo!