Lenín já negociou a situação de Assange com os EUA, denuncia Correa

O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, denunciou nesta segunda-feira (30) que o atual chefe de Estado do país, Lenín Moreno, já teria negociado uma “solução” para se livrar de Julian Assange, que está refugiado na embaixada equatoriana em Londres, na Inglaterra, há seis anos”.

Por Mariana Serafini

Julian Assange - Reuters

"Você pode ter certeza de que ele [Lenín] é um hipócrita. Ele já tem um acordo com os EUA sobre o que vai acontecer com Assange. E agora ele está apenas tentando adoçar a pílula dizendo que vai ter um diálogo", disse Correa em entrevista à TV russa Russia Today. Afirmou ainda estar com medo “de que os dias de Assange estejam contados”.

Assange recebeu asilo político do Equador há seis anos, quando respondia por um processo na Suécia, e poderia ser extraditado para os Estados Unidos para responder por ter vazado informações da Casa Branca através do Wikileaks. À época, abrigar o jornalista e hacker foi uma decisão politica de Correa que estava muito relacionada à soberania da política externa equatoriana, uma vez que o país teve altivez para enfrentar as grandes potências envolvidas no caso, EUA e Inglaterra.

Acusando o presidente equatoriano de "reduzir [Assange] a um hacker que bisbilhotou e-mails privados", Correa ressaltou que Lenín não consegue entender a complexidade do papel de Assange em expor os abusos dos direitos humanos pelo governo dos EUA, ou a punição severa. anos de idade vai enfrentar se for extraditado para os EUA.

Não é segredo que Lenín vê Assange na embaixada como um “incômodo” e já afirmou que não concorda com os “métodos” utilizados pelo jornalista para vazar informações – através do Wikileaks. Mas na semana passada, em passagem pela Espanha, o presidente disse que esta questão já se estendeu por muito tempo e deve ser resolvida.

Segundo Correa, a menos que Assange tenha garantias de passagem seguras – para sair da embaixada e se encaminhar até o aeroporto internacional em Londres para ir ao Equador, ele provavelmente será processado por espionagem e traição "que podem levar à pena de morte".

"[Lenín] fala sobre um diálogo, mas tudo já foi acordado com o governo do Reino Unido, especialmente depois da visita do vice-presidente Pence ao Equador há algumas semanas", denunciou Correa para alertar que os dias de Assange podem estar contados.