“Só acreditando na política podemos transformar o Brasil”, diz Manuela
Um dia após ter a sua candidatura à presidência aprovado em convenção do PCdoB, Manuela D’Ávila concedeu entrevista nesta quinta-feira (2) aos jornalistas Juremir Machado da Silva e Taline Oppitz, da Rádio Guaíba.
Publicado 02/08/2018 17:20
Ela defendeu a necessidade de a esquerda vencer as eleições pela quinta vez consecutiva e barrar esse projeto neoliberal que retira os direitos dos trabalhadores e destrói o Estado brasileiro. Segundo ela, essa eleição será a disputa entre dois projetos antagônicos.
“Nessa eleição os projetos serão confrontados. É certo termos um Sistema Público de Saúde (SUS) como temos e tentarmos aperfeiçoa-lo? Ou o corretor é ir pelo caminho de Temer, que é acabar com o SUS; O correto é acabar com a reforma Trabalhista e revoga-la, como defendemos, ou, pasmem, como disse o Alckmin, acabar com o Ministério do Trabalho, em um país onde centenas de trabalhadores estão em situação análoga à escravidão (…) A turma do meu lado defende o SUS, escola pública e a soberania do Brasil”, explicou a candidata do PCdoB.
Manuela frisou que deseja conversar com as pessoas que deixaram de acreditar na política como um instrumento de transformação. “Quero dizer a elas que só a gente acreditando na política, como eu fiz a minha vida inteira, que transformaremos o Brasil e podemos adotar medidas opostas a que Temer adota, e que adotariam Alckmin e Bolsonaro”.
Na visão da candidata do PCdoB, há um esforço de uma parte da elite brasileira em tornar Geraldo Alckmin um candidato viável. “Isso se materializa de várias formas. Uma parte nos veículos de comunicação”. Mas, Manuela ressaltou que mesmo com apoio de partido e a notoriedade por já ter sido candidato, Alckmin não cresce porque há muitas coisas difíceis de se explicar. Como exemplo, ela citou a CPI das Merendas, os escândalos de corrupções nas grandes obras de infraestrutura e os baixos salários dos professores em São Paulo.
Questionada sobre a discussão de ser vice do ex-presidente Lula ou de Ciro Gomes, Manuela respondeu que é “natural ser lembrada como uma das possibilidades”, porque é a única candidata que tem se manifestado de forma permanente na defesa da unidade.
Manuela reforçou que não é o óbice da unidade da esquerda. “Eu brinco que me ofereci para dançar, inclusive me ofereci para ficar sentada vendo os outros dançarem e defendendo esse projeto de desenvolvimento. Mas, não é o que está se encaminhando”.
Indagada sobre um nome para ser vice em sua chapa, Manuela respondeu que este debate está bem avançado no PCdoB, mas a legenda decidiu em deixar isso para o último momento, porque é simbólico.
“A gente tem a interpretação de que a indicação pública do vice ou a homologação dele, tem um certo sentido que simbolicamente acaba a negociação. Para nós, é um tempo da política (…) Quando você fecha a chapa, mesmo que exista espaço de rever essa decisão, você dá o indicativo que não tem mais disposição de construir a unidade”, ressaltou.
“Nós achamos que essa pode ser a quinta eleição que o nosso campo político vença. O lado de lá, teve dois anos de test drive com Temer. Tirando as pessoas muito radicais, uma parte do povo brasileiro apoiou o impeachment baseado naquele discurso absolutamente misógino, mas que ficou muito forte, que a Dilma era incapaz de tirar o Brasil da crise da economia. Então as pessoas diziam ‘Ta, ela [Dilma] não roubou, é verdade. Mas, a gente precisa resolver a situação econômica do país. E eles [governo Temer] pioraram a situação econômica do país. O test drive das saídas deles é muito ruim”.
“Há dois anos se perguntassem “é possível vencer as eleições depois do impeachment?”. Ninguém diria em sã consciência que era. Porém, tornou-se. Porque eles executaram o projeto de forma muito nítida e o governo Temer é o pior avaliado na história do país”, frisou.