Economista de Bolsonaro defende a privatização de “todas” as estatais

O economista guru de Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes – até agora o único a falar sobre medidas econômicas, já que Bolsonaro não fala – disse que é favorável à privatização de “todas” as empresas estatais brasileiras.

(Reprodução)

A afirmação foi feita durante entrevista à GloboNews, nesta quinta-feira (23). Segundo ele, a venda de empresas estatais lucrativas, como é o caso da Petrobras, seria uma forma de reduzir o endividamento público.

“Vocês todos elogiam quando a Petrobras vende um ativo para reduzir a dívida, todo mundo bate palma para o Pedro Parente. A União tem que vender ativo. A Petrobras vende refinaria. E o governo pode vender a Petrobras, por que não?”, defendeu.

“É muito interessante isso porque o Bolsonaro era associado ao seguinte: ‘não será vendida nenhuma’. Ele é uma posição estatizante etc. Agora vai ter uma resultante interessante, porque para mim são todas. Então, se não tem nenhuma e tem todas, deve ter algo aí no meio”, declarou ele, revelando que a campanha de Bolsonaro tem dois discursos: um para o mercado e outro para a população.

Para o economista de Bolsonaro, o “Congresso aprova” a proposta de privatização. “Esse negócio de falar assim ‘olha, até você convencer’… não tem que convencer. Se os liberais democratas estiverem no governo, eles vão aprovar um plano de privatização”, confirmou Guedes, reforçando que o plano é manter-se no caminho do governo Temer de desmonte do Estado.

“Se, por exemplo, você vai para uma distribuidora da Eletrobras, daqui a pouco vai faltar luz no Maranhão, vai faltar luz no Amazonas, vai faltar em Rondônia. (…) Esse modelo já se esgotou há 10, 15, 20 anos. Só que a classe política se aboletou, aparelhou e não sai de cima. E está atrasando o desenvolvimento do Brasil, porque eles não investem, não têm capacidade de investimento e ao mesmo tempo é um monopólio público, o privado não consegue entrar”, disse ele em seu discurso alarmista para justificar as privatizações.

Ele também defendeu a reforma da Previdência nos moldes defendidos por Temer. Ele afirmou que “tem o cara que nunca contribuiu para Previdência, mas recebe uma assistência social, recebe um salário mínimo como se tivesse trabalhado a vida inteira”.

“Daí é que vem, lá no programa, o conceito de renda básica ou renda mínima que diz: ‘olha, se você não contribuiu…’ Nós não vamos deixar nenhum brasileiro em necessidade, mas espera aí. O mínimo é para quem trabalhou”, disse.

E continua: “Aí tem a terceira bomba-relógio, essa é uma arma de destruição em massa de empregos, é um crime contra a população brasileira. A população economicamente ativa são 96 milhões de brasileiros. Para você ter 40 milhões com carteira assinada, você tem 56 sem carteira. Eles vão envelhecer, eles vão se aposentar e eles não contribuem”.

Reforçando a tese de Bolsonaro de que os trabalhadores terão de escolher entre ter direitos e emprego ou menos direitos e mais empregos, Guedes afirmou que “para dar um emprego para um, você deixa o outro desempregado, porque custa dois”.

“Os encargos custam quase 100%. (…) Eu quero fazer a reforma paramétrica. Vamos parametrizar isso, vamos trabalhar isso aí, vamos ver como a gente torna isso mais republicano, faz essa convergência”, disse.

Sobre os subsídios para agricultura, ele disse: “Se depender de mim, não pode haver subsídios para setores específicos, a não ser que muito bem fundamentados. Se falou assim: ‘faltou dinheiro no campo’. Não me parece ser o caso. (…) Aparentemente a agricultura é um negócio tão sério que ninguém pode encostar”.

O mesmo critério ele defende para a Educação: “Quem pode pagar deve pagar. Se está na universidade pública, privada, eu não sei, mas deve pagar”.

Guedes disse que para compensar, a proposta é criar o que ele chama de ‘voucher educação’ para alguns poucos desafortunados.

“O ‘voucher educação’ para o jovem, ele tem que ter o direito de escolher. Ele pode escolher uma escola pública, entra lá e não é cobrado, ou ele pode escolher uma escola privada. Lá, querem cobrar dele e ele entrega o ‘voucher educação’”, disse ele, passando um verniz na proposta.