Embaixador boliviano alerta para contraofensiva norte-americana

Em entrevista à Red Patria Nueva, o diplomata boliviano e ex-ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse que, hoje, os “governos fantoches” são civis e não militares, como nos anos 70, quando na América Latina foi implementado o chamado Plano Condor, com a execução de vários golpes de Estado.

Juan Ramón Quintana - HispanTV

“Hoje, a situação mudou, as novas marionetes são civis; portanto, há uma contraofensiva política, para colocar no poder os governos fantoches. Não é um acaso”, explicou.

Para Quintana, “um claro exemplo desta situação é a presidência de Michel Temer, no Brasil, que, pese ser o presidente mais "impopular" da região, governa com a ajuda de um conglomerado de órgãos de comunicação financiados pela administração norte-americana”.

No âmbito da “contraofensiva”, o embaixador da Bolívia em Cuba alertou para o “brutal estrangulamento econômico” a que a Venezuela é sujeita e para a desestabilização social e política na Nicarágua, sendo que “ambos os países são governados por dirigentes progressistas”.
Referindo-se a outros países da região e, em especial, do Cone Sul, Quintana classificou como “vergonhosa” a administração do presidente do Equador, Lenin Moreno, que qualificou como “traidor ao seu povo”.

América Latina, região geopolítica prioritária

“A América Latina transformou-se, mais que nunca, numa das regiões com maior prioridade geopolítica para os Estados Unidos”, disse Quintana, acrescentando que não é por acaso que “à Colômbia, símbolo da beligerância na região, foi atribuído um estatuto especial, de modo a integrá-la na Otan”.

Para reforçar a noção de que os EUA “estão fazendo os países da América Latina pagar o preço”, o diplomata boliviano referiu-se a eventuais cenários de derrota dos EUA nas “guerras no Oriente Médio” e de “enfraquecimento da aliança militar e política com a Europa”, num contexto “de crescimento e expansão da China, e de desenvolvimento da Rússia”.

Sobre o caso concreto do seu país, disse que a administração norte-americana leva a cabo uma “estratégia de criminalização do processo político”, na medida em que o país andino «participa da primeira divisão da geopolítica global”. “O povo boliviano tem de perceber que a Bolívia deixou de ser um peão submisso”, destacou.