Vice de Bolsonaro diz que preconceito racial não existe

Em entrevista à rádio Jovem Pan nesta segunda-feira (10), o general Hamilton Mourão (PRTB), vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), disse que não existe preconceito racial no Brasil.

General Mourão

"Não vejo preconceito no Brasil, sinceramente. Pertenci durante 50 anos a uma instituição na qual isso não existe. Durante a Segunda Guerra Mundial nós éramos a única divisão multiétnica. Os americanos tinham uma divisão só de negros, o que era um problema. Os ingleses tinham tropas de indianos. Você coloca muito bem que dos nossos mais de 60 mil homicídios 90% são homens que morrem e uma grande parte deles são uma população mais morena. Isso porque estão centrados nas comunidades mais carentes. Se não entrarmos nessas comunidades e dermos saúde, instrução, continuaremos eternamente nesse problema", disse.

O vice de Bolsonaro ainda disse que não vê distinção entre crime racial, feminicídi, por exemplo. "A verdade é a seguinte. Para mim, homicídio é homicídio. Não interessa se é homem negro, branco, pardo, amarelo ou mulher. Se é um homossexual ou não. É um homicídio", afirmou.

Na sua teses, as lei que estabelecem a motivação como qualificadores não deveria existir. "Em uma sociedade de massa, se não houver lei igual para todos, ou seja, a execução legal do direito, nós vamos para a barbárie", defendeu.

Recentemente, Mourão causou polêmica ao afirmar que o Brasil herdou "indolência" do índio e "malandragem" do africano. Posteriormente, disse ter se expressado mal.

Sobre a probabilidade de intervenção militar no Brasil em um futuro próximo, Mourão disse que não vê "nenhuma possibilidade de acontecer no momento". Mas no sábado (8), em entrevista à Globonews, Mourão falou em "autogolpe".

"A gente define como anarquia generalizada aquele momento em que o princípio de autoridade está totalmente desrespeitado, em que temos vandalizações generalizadas por todo o país, grupos armados, o que não é o caso que nós estamos vivendo", disse.

"Não é desejo de nenhum elemento das Forças Armadas. Não vejo nenhuma possibilidade de isso acontecer no momento", minimizou.

No entanto, Mourão voltou a fazer elogios ao período da ditadura no país que segundo ele, é criticado por falta de informação da pessoas.

"Era um regime autoritário. Houve um instrumento de exceção durante 10 anos, que era o ato institucional número cinco. Grupos armados tentaram atacar o estado para implantar outra ditadura. Houve excessos? Houve. Mas isso é guerra. E na guerra excessos acontecem", disse ele para justificar o uso da tortura e os assassinatos.