Haddad: Não vamos desistir desse país

No primeiro ato público após a oficialização de seu nome como candidato à Presidência, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse sentir a mesma dor dos que gostariam de ver Lula subir a rampa do Planalto em janeiro. Escalado para substituir o ex-presidente na chapa após a impugnação da candidatura, Haddad defendeu que, apesar da injustiça contra o petista, não é hora de voltar para casa de cabeça baixa, mas de sair às ruas e ganhar a eleição.

Haddad e Manuela

“Não vamos desistir desse país. Estamos juntos. Temos uma tarefa monumental pela frente, mas não temos nada maior que nossa vontade de devolver o Brasil para os brasileiros. Contamos com cada um de vocês. Vamos às ruas até 7 de outubro e, no dia 21 de outubro, vamos celebrar a democracia no Brasil”, disse, durante ato na Vigília Lula Livre, em Curitiba.

Ao lado de sua companheira de chapa, Manuela d’Ávila, Haddad falou após a leitura de uma carta de Lula aos brasileiros, na qual o ex-presidente pede que todos que votariam nele, apoiem agora as candidaturas de Haddad e Manuela. O ex-prefeito convocou então a população: “Vamos ganhar essa eleição pelo Lula, pelo PT, pelo PCdoB, pelos movimentos sociais e pelo Brasil, porque o Brasil merece essa vitória”, completou.

No início de seu discurso, ele pediu desculpas pela emoção do momento e falou sobre a injustiça sofrida pelo ex-presidente, impedido de concorrer. “Lula representou um divisor de águas na história do Brasil. Porque Lula é saído das entranhas de nosso povo. Saiu de dentro do povo e chegou à Presidência, superando todos os obstáculos, para mudar a nossa história”, disse.

Relembrando sua atuação pela redemocratização nos anos 1980, ele destacou que, depois de vencida a luta contra a ditadura, imaginava que seus filhos e netos teriam outras frentes de batalha, porque a democracia já estaria consolidada. Mas os últimos anos, ele destacou, foram de retrocessos.

“Hoje estamos vivendo essa situação. Eu imaginava que depois de Lula, o Brasil estaria fora do mapa da fome, que nunca mais um brasileiro viveria esse flagelo. Mas bastaram dois anos para que o Brasil voltasse ao mapa da fome e viessem as notícias sobre o aumento da mortalidade infantil e da mortalidade materna”, lamentou.

O candidato questionou as razões das injustiças contra Lula. "Eu fico me perguntando porque tanta injustiça contra um homem que não fez nada além de estender a mão sobretudo para aqueles que precisavam do apoio do Estado", colocou.

“Qual foi o pecado de lula? Foi ter aberto as portas da universidade para os filhos do trabalhador? Será que foi por ter matado a fome do semiárido? Foi garantir juro baixo no crédito consignado? O que é isso na cabeça dessa elite? Foi ter que sentar ao lado de um negro no banco do avião ou nas universidades? Foi porque uma pessoa sem diploma superior, por gana e compromisso social, conseguiu fazer o que eles não conseguiram?”, indagou.

De acordo com Haddad, a elite passou “quatro anos chacoalhando a roseira da democracia para ver se ela caía” e tratando o povo de forma desrespeitosa. “Mas temos um líder, chamado Lula, que nos inspira a todos. Eles podem até nos derrubar um dia, mas no outro a gente levanta e segue na luta”, disse, sob aplausos.

“Não vamos aceitar o país do século 20, do século 19. Nós sabemos o país podemos ser. Vamos aceitar que nos impunham no relho? Não vamos aceitar mais. Eles podem vir com a violência que quiserem, mas vamos nos reerguer”, completou, afirmando que recebeu de Lula a missão de olhar nos olhos do povo e fazer rememorar os tempos dos governos petistas. “Porque construímos juntos um país diferente.”