Haddad: Nenhum país congelou gastos por  20 anos

Em sua primeira agenda após ter oficializado a sua candidatura à Presidência da República, Fernando Haddad (PT), ao lado de sua vice Manuela d’Ávila (PCdoB), esteve em São Paulo, nesta quarta-feira (12) para participar de um encontro com estudantes beneficiados por cotas raciais e do Prouni, ambos programas de bolsas de estudos em universidades criados durante o governo Lula, no qual Haddad era o então ministro.

Por Dayane Santos

Lula e Haddad - Ricardo Stuckert

Questionado por jornalistas antes do encontro como pretende acalmar o mercado, Haddad lembrou que durante os governos Lula, o mercado também teve vantagem com a melhoria das condições de vida do povo.

“Os investidores já tiveram a experiência de nossos governos e foi um momento dourado da economia brasileira. Participei do governo Lula como ministro da Educação e veja: o ministério quase quintuplicou as suas verbas e nem por isso nós deixamos de fazer as economias necessárias para honrar os compromissos do Estado”, rebateu Haddad.

Em matéria publicada nesta quarta (12) pelo Valor Econômico, da família Marinho e um dos veículos porta-vozes do rentismo, diz: “Fernando Haddad ainda é o que mais assusta o mercado, ao ser considerado um nome cada vez mais forte na disputa de segundo turno com Bolsonaro”.

O jornal diz ainda que a pouco menos de um mês para a eleição “o cenário mais temido pelo mercado financeiro vai ganhando força”.

Haddad lembrou também que durante o governo Lula o país registrava superavit e a dívida pública caiu. “Agora, é preciso fazer isso com ciência. É preciso fazer isso com engenho. Não é fazer o que o governo atual está fazendo com o teto de gastos. Congelar o Estado por 20 anos imaginando que isso vá resolver os problemas do país é uma medida que nenhum país adotou. A Grécia, a Argentina, na mais aguda crise. Nem o FMI ousou impor à Argentina aquilo que o governo Temer impôs ao país”, rechaçou o presidenciável.

“Nós vamos encaminhar ao Congresso Nacional uma emenda constitucional [para revogar o teto de gastos]”, afirmou.

Debater propostas

Sobre os ataques que vem recebendo de adversários após ter a sua candidatura oficializada, Haddad foi enfático: “Quero debater propostas”.

“Nós fizemos um programa de governo muito pormenorizado para que a sociedade saiba exatamente as medidas que serão tomadas a partir e 1º de janeiro (…) Nós temos um compromisso assinado com o país que é o nosso plano de governo”, reafirmou.

E acrescenta: “Nós não vamos ficar batendo ou rivalizando com ninguém. Temos um plano de governo que na nossa opinião é o melhor programa. Vamos confrontar as nossas propostas com a propostas concorrentes e vamos defender as nossas porque consideramos que são as melhores propostas para sair da crise. Temos muita segurança em nosso plano. Se querem comparar propostas eu estou disposto”.

Segurança

Haddad também foi questionado sobre as medidas que pretende tomar na área de segurança pública, uma das maiores preocupações dos brasileiros. Ele defendeu a federalização dos crimes relativos a organização criminosa.

“Nós entendemos que se a Polícia Federal tiver um departamento que cuide dos crimes relativos às organizações criminosas nós vamos ter alguns efeitos importantes. O primeiro é liberar as polícias militares e civil para cuidar da vida do cidadão. Combater homicídio, feminicídio, estupro, roubo, ou seja, tudo aquilo que agride o cidadão. Em segundo lugar, vamos promover o desencarceramento de pessoas que comentem pequenos delitos, que é hoje o maior contingente de prisioneiros. E se nós não desencarceramos a partir essa nova visão, nós não vamos conseguir resolver a crise do sistema prisional”, argumentou Haddad.

Segundo ele, o país prende muito e mal. “Temos que ter foco. Prender os criminosos de alta periculosidade. E sem a Polícia Federal atuando em nível nacional não será possível. Temos que ter uma organização pública que combata o crime em nível nacional também”, defendeu.

Ao final, Haddad foi questionado por uma jornalista sobre qual estratégia pretende usar para conquistar os votos do eleitorado do ex-presidente Lula. “É segredo”, respondeu.