Ultraliberalismo de Bolsonaro não cabe no Brasil, diz economista

O economista Sergio Vale, que comanda a consultoria MB Associados, avaliou nesta quinta-feira, 27, que as propostas econômicas do candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, terão peso para derrotar o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL).

sergio vaz

"Nesse cenário de guerra, Haddad parece sair na dianteira. E a grande razão é que o ultraliberalismo frágil de Bolsonaro não me parece caber no Brasil, muito menos em Brasília. O mote de que precisamos de mais Brasil e menos Brasília soa bem, mas creio que o brasileiro no fundo prefere o inverso", diz Vale em artigo publicado na revista Exame.

Segundo ele, um exemplo do "ponto nevrálgico" dessa disputa se dará em torno da reforma da previdência. "Essa não é uma reforma que ganha voto e Bolsonaro será emparedado no segundo turno inteiro sobre a proposta mais recente de seu economista, Paulo Guedes, de aprovar a reforma atual que está no Congresso. Para o PT juntar Temer e Bolsonaro em uma frase será um pulo", avalia.

"O que ajuda na retórica e na narrativa de Haddad é a ojeriza natural que parte da sociedade tem contra Bolsonaro. As mulheres especialmente, como tem sido em várias eleições, serão o elemento central que pode afundar ainda mais o candidato da direita. Mal ou bem, o PT consegue colocar propostas sociais que fazem sentido para a população. Até agora, o que saiu de Bolsonaro foram propostas que não surtem efeito, como escolas militares em cada Estado", acrescenta.

"Termino com um ponto relevante nesses tempos de gritaria de ambos os lados: não defendo aqui nem um nem outro candidato. A tentativa foi apenas de fazer uma avaliação, à luz do que vivenciamos na história brasileira, como o brasileiro pode ver os candidatos no segundo turno. E felizmente para um lado e infelizmente para o outro, Haddad parece ter mais chances de sair vencedor dessa contenda", diz o economista.