Por que vai haver segundo turno

A possibilidade de encerrar a eleição presidencial no primeiro turno é um sonho de uma noite de verão para os bolsonaristas.

Por Helena Chagas*

Haddad e Bolsonaro

Um comparativo com as seis últimas eleições presidenciais mostra que Jair Bolsonaro teria que tomar muito Nescau para engordar nesses dois dias para que isso acontecesse. Hoje, o candidato do PSL tem 38% dos votos válidos. Em 2014, por exemplo, Dilma tinha 42% dos votos válidos no primeiro turno, contra 24% de Aécio Neves.

“Em 2014, nunca ninguém disse, de qualquer lado do espectro político, que a eleição tinha a possibilidade de ser decidida no primeiro turno. Está havendo agora um claro viés de interpretação dos dados”, diz o professor Alberto Carlos Almeida, que fez o estudo comparativo entre as eleições.

Em 2010, a mesma Dilma Rousseff saiu do primeiro turno com 47% dos votos válidos e teve que disputar a segunda rodada com José Serra. Caso semelhante ao de Lula em 2006, quando foi obrigado a disputar o segundo turno com Geraldo Alckmin depois de obter 49% dos votos válidos no primeiro.

Almeida aponta ainda outras razões pelas quais aposta que a eleição não acaba no primeiro turno. A soma do terceiro e quarto lugares (Ciro e Alckmin) ainda é alta: 22%. E os demais candidatos também pontuam razoavelmente. O percentual de votos válidos de cada um. só fica abaixo de 1% a partir do décimo colocado, diferentemente do que ocorreu em todas as eleições anteriores.