Haddad torna-se líder do campo democrático para imprensa internacional
Após o 1º turno das eleições, jornais do mundo todo concordam que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) representa a extrema-direita de discursos perigosos e antidemocráticos no Brasil. Fernando Haddad (PT), por sua vez, é visto como representante do campo democrático
Por Alessandra Monterastelli
Publicado 08/10/2018 16:19

Fernando Haddad (PT) enfrentará Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições presidenciais, no dia 28 de outubro.
“Especialistas e partidários dizem que uma das tarefas mais urgentes de Haddad é bloquear o ‘tsunami conservador’ de Bolsonaro, construindo uma aliança anti-Bolsonaro que se estenda por todo o espectro político”, escreveu o The Guardian nessa segunda-feira (8). Segundo o jornal britânico, para Haddad conseguir ultrapassar a onda da extrema-direita, sua missão agora é “formar uma frente democrática ampla”. A reportagem ainda alerta para como Bolsonaro pode utilizar as alianças de Haddad ao seu favor, caso um grande número de políticos conhecidos se una ao candidato do PT: acusaria Haddad de estar se unindo com o “establishment corrupto”. Um argumento imediatista típico da extrema-direita, que aconteceu também na Itália em março desse ano quando o partido xenófobo de Matteo Salvini obteve maioria: demonizar a política e os políticos, ainda que essa não solucione nada.
O norte-americano The New York Times afirmou que, “independente da alta pontuação de Bolsonaro no domingo”, o candidato do PSL “continua uma figura extremamente divisiva que alienou grandes e diversificados segmentos da população brasileira durante a sua campanha”. O jornal entrevistou a economista da USP e autora do livro “Valsa Brasileira”, Laura Carvalho. Segundo ela, o desafio de Haddad agora é focar mais na agenda econômica do Partido dos Trabalhadores e no caráter anti-trabalhador de Bolsonaro.
“Críticos de Bolsonaro e analistas políticos observaram sua ascensaão com preocupação, temendo que ele possa se tornar um líder autoritário como Recep Tayyip Erdogan, na Turquia, e Rodrigo Duterte, das Filipinas”, escreveu ainda o Times. Por fim, o jornal estadunidense lembra que Jair Bolsonaro, antes de concorrer à presidência, “pouco mostrou em seus sete mandatos no Congresso, enfrentou acusações federais por discursos de ódio, comentários homofóbicos, misóginos e racistas” e que o ex-militar “fala com admiração e nostalgia da ditadura militar no Brasil”.
O jornal espanhol El Mundo fez uma matéria focando nas declarações autoritárias e preconceituosas de Jair Bolsonaro. Segundo a reportagem, o ex-capitão “banaliza a violência”, defende a ditadura, e é responsável por diversos ataques contra LGBTs, negros e indígenas.
O francês Le Figaro fez uma extensa cobertura das eleições de domingo (8). Com quatro reportagens publicadas, com os títulos “A extrema-direita próxima da presidência”, “Eleição presidencial no Brasil: ‘Uma espécie de degeneração brasileira’”, “As declarações polêmicas de Jair Bolsonaro” e “Jair Bolsonaro, um nostálgico da ditadura que se acha o ‘salvador da pátria’”, o jornal problematiza os votos conseguidos pelo candidato do PSL, e também fala sobre a tarefa de Haddad em unificar os voto dos democratas “mantando-se fiel às ideias do PT, mas sem assustar o centro”.
O português Público está fazendo uma ampla cobertura das eleições brasileiras. Sua última matéria intitula-se: “Nordeste levou Haddad ao segundo turno, o resto do Brasil rendeu-se a Bolsonaro”. A Abril Abril também declarou a chapa de Haddad responsável pela união democrática, enquanto chamou Bolsonaro de “fascista” e o acusa de se beneficiar do “golpe parlamentar” ocorrido em 2016.
O italiano La Repubblica chamou Bolsonaro de “candidato da extrema-direita”. O Corriere Della Sera, por sua vez, escreveu: “o populista de extrema-direita busca a vitória com slogans e um programa de governo inexistente”.