Manifesto pela democracia e contra Bolsonaro recebe milhares de apoios

O manifesto “Por uma Frente Progressista do tamanho do Brasil” ocupou uma página inteira da edição deste sábado (20) do jornal Folha de São Paulo. O documento alerta: “Não cabe a neutralidade ou abstenção diante de uma situação que pede de nós ação imediata. A omissão dos democratas poderá levar o Brasil a uma escalada autoritária”. Mais de 22 mil artistas, intelectuais e personalidades se posicionam em favor de Fernando Haddad (PT) e contra a eleição de Jair Bolsonaro.

Por Verônica Lugarini

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Os leitores que abriram a edição impresssa do jornal Folha de S.Paulo deste sábado devem ter se surpreendido com um “informe publicitário” um tanto quanto diferente. Nada de venda de carros ou vendas de apartamentos – eles estavam presentes na edição – todavia, uma página amarela com detalhes em verde chamou atenção. No topo escrito: “Por uma Frente Progressista do tamanho do Brasil” e logo depois, mais de 200 assinaturas de intelectuais, artistas, ativistas e politicos que assinaram o manifesto pela democracia.

Artistas que já haviam se posicionado em relação a necessidade de defesa pela democracia estão presentes, como os cantores Caetano Veloso e Chico Buarque, o ator Wagner Moura, a socióloga Djamila Ribeiro, a professora Lilia Schwarcz e o próprio colunista da Folha, Antonio Prata.

Mas novos nomes aparecem nas cores impressas da bandeira do Brasil: como o ex-economista da candidata Marina Silva, Eduardo Giannetti; Charles Cosac, criador da icônica, porém extinta Cosac Naify; o filósofo Marcos Nobre; Marcos Nisti do Instituto Alana e o editor da CIA das Letras Jorge Schwartz.

Também assinaram Cacá Diegues, Boris Fausto, Walter Salles, Celso Amorim, Milton Hatoum, o filósofo Marcos Nobre, Ilona Szabó e Chico Buarque e mais 22 mil brasileiros assinaram a petição disponível online aqui.

O manifesto “Por uma Frente Progressista do tamanho do Brasil” é suprapartidário e redigido por cidadãos brasileiros que têm o firme intuito de cobrar dos políticos progressistas sua união na defesa da democracia brasileira.

A petição chama atenção para a importância da Constituição de 1988 que é insubstituível. Segundo o texto, a Constituição é moderna nos “direitos, sensível às minorias políticas, avançado nas questões ambientais, empenhado em prever meios e instrumentos para a participação popular e a contenção do poder do Estado sobre o cidadão”. Sendo necessário mantê-la intacta diante da instabilidade política pela qual o país atravessa.

O texto do manifesto lembra também o início das radicalizações no Brasil, após junho de 2013, a operação Lava Jato e a crise econômica que levaram a um quadro perigoso de instabilidade e de radicalizações por todos os lados.

“Não restam dúvidas de que os candidatos que disputam a vaga para a presidência representam dois polos da política brasileira. Não é razoável, contudo, supor que ambos têm o mesmo compromisso com a democracia, ou que cada um deles tenha cumprido o mesmo papel durante esses anos. São inúmeras as manifestações de Jair Bolsonaro nos seus 28 anos como Deputado Federal que evidenciam seu pouco apego à democracia e aos direitos humanos”, diz o texto.

Diante de uma possível ascensão do candidato Jair Bolsonaro (PSL), o manifesto destaca que, diante deste cenário, “não existem, portanto, ‘extremismos idênticos’. Não cabe a neutralidade ou abstenção diante de uma situação que pede de nós ação imediata”.

“Cobramos de todas as lideranças políticas democráticas e da sociedade civil que se empenhem num entendimento mais amplo para enfrentar o risco que a eleição de Bolsonaro significa para o Brasil. A omissão dos democratas neste momento poderá levar o Brasil a uma escalada autoritária, como se tem observado em outros países”, afirma e finaliza:

“É chegada a hora de formar uma frente democrática que renove as esperanças de um Brasil mais generoso, justo, plural e inclusivo. É chegada a hora de passarmos por cima de nossas diferenças internas. Unindo-se por um objetivo maior, os políticos progressistas e os brasileiros demonstrarão que a prática política pode e deve ser uma atividade exercida com grandeza, a serviço do país e de sua população”.

Veja a página na íntegra: