Barroso diz que no Brasil "não tem lugar para projetos autoritários"

Durante palestra em evento da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), em hotel no Rio de Janeiro nesta terça-feira (23), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou respeitar as regras do jogo é uma obrigação do presidente eleito, e que o Brasil não vai aceitar um regime autoritário e não democrático.

Luis Roberto Barroso - Jose Cruz/Agencia Brasil

"Isso não significa renunciar à própria convicção, mas entender e respeitar a posição do outro, que é algo que precisamos no Brasil nessa hora de renovar os votos democráticos", disse. "Quem ganha tem o direito de governar, mas tem o dever de respeitar as regras do jogo e os direitos de todos", acrescentou.

Apesar de não citar nome, as declarações de Barroso foram em referência ao que disse o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em transmissão por telefone feita para um ato em São Paulo, em que defendeu a prisão ou o exílio de seus opositores, e a declaração do filho do presidenciável, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) que ameaçou fechar o Supremo caso a candidatura do país fosse impugnada.

Barroso disse que no Brasil há espaço para todos os tipos de pensamentos, "mas não tem lugar para projetos desonestos e autoritários".

"Essa é a única vigilância que temos que manter permanente: respeito às regras do jogo, aos direitos de todos e não aceitação de nenhum projeto que não tenha integridade e que não seja democrático e seja autoritário", salientou.

"Parte das pessoas vai ficar feliz com o resultado (da eleição) e parte não vai ficar. Democracia é o regime de governo em que a maioria governa e quem perde não perde seus direitos", completou.

Em entrevista à agência Reuters, Barroso disse que as declarações de Eduardo Bolsonaro, filho do candidato Jair Bolsonaro, sobre o STF eram um assunto concluído, uma vez que o decano e o presidente da Corte já tinham se pronunciado.

"O decano falou, o presidente falou, e acho que isso já é suficiente", disse.

Na segunda, o presidente do STF, Dias Toffoli, disse em nota que "atacar o Poder Judiciário é atacar a democracia". Já o decano Celso de Mello afirmou que a declaração do filhote de Bolsonaro era "inconsequente e golpista".