Na contramão do desenvolvimento

A venda de 80% da Embraer para a Boeing expõe de forma cristalina o grave prejuízo econômico e estratégico para o desenvolvimento do Brasil.

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A Embraer vendeu recentemente para a Inglaterra 300 aviões pelo valor de 15 bilhões de dólares, mais 100 aviões para a empresa Americana Republic Airways por aproximadamente 6 bilhões dólares, e mais 21 unidades para a empresa Azul, por 1,4 bilhões de dólares. Somente nessas três recentes vendas a Embraer deverá receber cerca de 22,4 bilhões de dólares.

Como se explica essa venda para a Boeing pela bagatela de apenas , US$ 5 bilhões???

É inacreditável, mas a Boeing vai abocanhar a Embraer e pagar com o próprio dinheiro a receber dessa empresa.

Assim tem sido várias outras privatizações. A Eletrobras, por exemplo, foi avaliada em 400 bilhões de dólares e o futuro governo fala em vendê-la por apenas 20 bilhões. E os riquíssimos poços de petróleo do Pré-Sal, as refinarias e a Petrobras, uma das dez maiores empresas petrolíferas do mundo, por quanto pretendem torrar?

Tudo isso mostra que o grave problema do Brasil não é apenas a propina surrupiada por políticos ou partidos, isso se transforma em migalhas diante da entrega das nossas riquezas a preços de banana em final de feira pelos governantes atuais e futuros que se arvoram “honestos” e “patriotas”.

Se a Embraer precisasse de capital para investimento, o correto seria o Brasil, que tem 350 bilhões de dólares de reservas, tirar apenas 5 bilhões e comprar essas ações da empresa, como o governo de Portugal fez recentemente adquirindo 50% das ações da TAP, sua companhia aérea, assim como os EUA e países da Europa os quais tem assegurado na lei 50% das empresas aéreas do país.

A questão do tal “livre mercado”, da privatização é um grande engodo. Faz parte de uma sofisticada estratégia de incutir na mente dos povos subdesenvolvidos que seus dirigentes são corruptos e incompetentes e que só os grandes países são capazes de gerar progresso e garantir a democracia. Trabalham na verdade para impedir que outros países cresçam e se tornem concorrentes, e principalmente para garantir a sobrevida do seu sistema explorador, desumano e selvagem, o velho capitalismo.

Nenhum país no mundo cresceu abrindo seus mercados, fazendo privatizações. Até o Japão, mesmo sob domínio dos EUA, após a Segunda Guerra Mundial não entregou suas empresas estratégicas. A China há vários anos vem comprando as ações das suas empresas estratégicas que ainda não são estatais para garantir o seu desenvolvimento e a sua soberania.

No Brasil, infelizmente, os vendilhões da pátria fazem ao contrário, e o pior que contam com apoio de expressiva parcela dos brasileiros engabelados pela grande mídia que nunca defendeu os interesses do país, nem a sua soberania.

É muito triste caminhar na contramão do desenvolvimento e da soberania do país. É muito triste ver pessoas que se dizem “evoluídas” e “patriotas” trabalharem até com entusiasmo rumo ao atraso, ao empobrecimento de um país como o Brasil, que há pouco chegou ao 6º lugar e ainda teria tudo para se transformar em super-potência mundial.