Sob pressão, Bolsonaro se junta a Temer na arte de recuar

Não durou três dias a propalada promessa do presidente Jair Bolsonaro de entregar uma parte do território brasileiro para os Estados Unidos poderem instalar aqui uma base militar. Após ser alvo de uma saraivada de críticas, inclusive de militares que integram seu governo, o presidente desistiu da ideia, aumentando a lista de recuos constrangedores que protagonizou desde que foi eleito

Mal começou o governo, Jair Bolsonaro já se junta a Michel Temer na arte de recuar. Depois de muito insistir em conceder uma base militar aos EUA, com seu habitual comportamento subserviente, o ex-capitão americanófilo resolveu ceder às pressões internas. A ideia da base caiu mal entre a ala militar do governo e o recado a Bolsonaro veio do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. Lista de recuos do presidente eleito aumenta a olhos vistos já na primeira semana de governo.

A reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que "em mais um recuo após a má repercussão da ideia, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez chegar aos comandantes militares e oficiais generais da cúpula das Forças Armadas a informação de que não haverá nenhuma base americana instalada no Brasil durante seu mandato (…) A mensagem [de pressão contra a instalação da base] foi passada pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.

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Segundo o jornal, "Bolsonaro havia citado a possibilidade da instalação de uma base dos EUA, país com o qual vem travando uma aproximação agressiva desde que foi eleito, durante entrevista ao SBT na semana passada. Seu chanceler, Ernesto Araújo, confirmou a intenção na sequência. Ela foi elogiada, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que esteve na posse do presidente no dia 1º."

A matéria ainda explica que "a declaração pegou os militares de surpresa, ainda mais vinda de um egresso das fileiras do Exército conhecido pela retórica nacionalista. O Alto Comando do Exército, centro de gravidade do poder militar brasileiro, expressou seu descontentamento em conversas de seus membros —os generais de quatro estrelas, topo da hierarquia. Azevedo e Silva, que foi do colegiado e hoje está na reserva, conversou com Bolsonaro. Os EUA possuem mais de 800 bases em cerca de 80 países, mas nenhuma ativa na América do Sul. Estiveram presentes na Colômbia em acordo com o governo local, dando apoio ao combate às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)."